O presidente Lula afirmou hoje (21) em Agra, capital de Gana, que não
irá alterar o tratado de Itaipu. O assunto voltou à tona com a eleição
ontem do esquerdista Fernando Lugo como novo presidente do Paraguai.
Durante a campanha eleitoral, Lugo afirmou que um de seus objetivos, se
eleito, seria revisar o contrato de Itaipu para aumentar os preços do
fornecimento de energia vendidos por seu país ao Brasil.
"Nós temos um tratado, e o tratado vai se manter", disse Lula depois de
participar de uma reunião na Conferência das Nações Unidas sobre
Comércio e Desenvolvimento.
Pelo acordo assinado entre Brasil e Paraguai em 1973, a energia gerada
pela usina de Itaipu deve ser dividida igualmente entre os dois sócios,
mas os paraguaios utilizam apenas cerca de 5% dessa produção. O
excedente é então vendido a preço de custo ao Brasil, onde 20% da
energia elétrica consumida vêm de Itaipu.
O presidente afirmou que os dois países mantêm constantes reuniões para
tratar de outros temas também polêmicos. "Não é apenas a questão de
Itaipu, é a questão da nossa fronteira, que é muito grande, envolve
vários Estados, é a questão da Ciudad del Leste".
O vice-presidente do Parlamento do Mercosul, deputado Dr. Rosinha
(PT-PR), considera natural que haja questionamento de acordos feitos
pelos governos anteriores do Paraguai com o Brasil.
"Acho que todos os acordos serão questionados, porque foram assinados
num momento autoritário", afirmou o petista ao Congresso em Foco.
"Esses questionamentos serão positivos, levam a superar dúvidas. O
governo brasileiro tem que demonstrar que os valores são justos",
acrescentou.
Para o deputado, o mais importante não é tanto a revisão de valores,
mas a transparência que o novo governo dará sobre o acordo de Itaipu.
"Vai democratizar os recursos que o Paraguai recebe de Itaipu. Não há
transparência nenhuma hoje", completou.
Dr. Rosinha considera a eleição de Lugo uma vitória da democracia. "O
povo paraguaio vai viver uma transição de um modelo centralizador,
viciado e autoritário de governo para um modelo mais democrático, de
compartilhamento da cidadania", acredita.
O ex-bispo católico Fernando Lugo foi eleito com 40% dos votos e pôs
fim a uma hegemonia de mais de 60 anos do conservador Partido Colorado
(leia mais). (Tatiana Damasceno)
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