sábado, 5 de janeiro de 2008

Fw: Entrevista polêmica já indica problemas a José Dirceu

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Seis dias. Esse foi o tempo de convivência entre uma repórter e sua
fonte, que resultou numa publicação que promete esquentar ainda mais o
"verão político" deste incipiente 2008 – já devidamente aquecido com o
pacote compensatório da equipe econômica de Lula, anunciado na última
quarta-feira (2). Trata-se da entrevista concedida pelo ex-presidente
do PT e ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, à repórter Daniela
Pinheiro, da revista Piauí. O material, que ocupa 12 páginas da
revista, foi publicado na edição desta semana. E pode dar uma forte dor
de cabeça no ex-cacique petista.

Na entrevista, Dirceu desandou a acusar e disparou sua "metralhadora
giratória" contra figuras públicas diversas, inclusive do próprio PT. A
presidente do Psol, Heloísa Helena; o ex-governador do Rio Grande do
Sul e ex-ministro de Lula Olívio Dutra; o filho do presidente Lula, o
"Lulinha"; e até o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, foram
atingidos pelos disparos verbais de Dirceu. Mas, como aconteceu no
episódio do mensalão, Lula continua ileso. Ou seja, não recebeu uma
acusação sequer de seu velho companheiro de luta.

Além dessa questão, outra intrigou não só a repórter Daniela Pinheiro –
que acompanhou José Dirceu numa viagem a três países, durante os já
mencionados seis dias –, mas causa estranheza a quem, de alguma forma,
acompanha o mundo político nacional: qual seria o verdadeiro motivo do
súbito surto de acusações a figuras tão díspares? Seria mais um elenco
de declarações meramente precipitadas? Um mecanismo com o objetivo de
saciar interesses (ainda) desconhecidos? Continuar em evidência no
cenário político?

O fato é que algumas declarações podem trazer problemas a Dirceu.
Heloísa Helena, que não costuma deixar nada passar em brancas nuvens,
já anunciou que processará seu acusador. Motivo: Dirceu disse que, por
motivos "impublicáveis", a então senadora por Alagoas teria votado
contra a cassação de Luiz Estevão, primeiro senador cassado na história
da República. A ex-senadora, a julgar pela nota divulgada pelo Psol
(leia íntegra abaixo), será responsável por mais um processo aberto
contra Dirceu na Justiça.

O ex-ministro deve ter esquecido de que da boa relação com Hugo Chávez
dependem alguns negócios de seu interesse, uma vez que faz as vezes de
"consultor" na América Latina – com clientes como o magnata mexicano
Carlos Slim, o homem mais rico do mundo atualmente. Ao mandatário-mor
da Venezuela, idólatra do líder revolucionário Simon Bolívar, restou a
singela classificação: "louco", disse Dirceu na entrevista.

Quanto a Lulinha, filho do presidente Lula, Dirceu praticamente o
chamou de mentiroso ao dizer que ele "não se importa com a verdade".
Diante da repercussão negativa da (s) declaração (ões), Dirceu alegou
que se referia a outra pessoa – embora seja comum ele dispensar tal
tratamento a Lulinha, como garantem alguns de seus companheiros.
Resultado: fica ainda mais "queimado" com seu companheiro histórico,
tendo-lhe atacado o próprio filho.

Ressaca

O arrependimento de Dirceu em relação à polêmica entrevista ficou
patente depois de ele ter pedido desculpas públicas, ontem (4), aos
petistas do Rio Grande do Sul e ao ex-governador do estado Olívio
Dutra. Segundo Dirceu contou à revista, o PT-RS teria usado dinheiro de
caixa dois para construir a sede do partido na capital Porto Alegre.
Quanto a Olívio, acusou-o de reclamar excessivamente do (extinto) Campo
Majoritário do PT, então comandado por Dirceu, dizendo que,
paradoxalmente, o ex-governador se beneficiava da corrente quando o
PT-RS foi acusado de praticar caixa dois.

Resultado: em entrevista transmitida ontem (4) de manhã pela rádio
Gaúcha, pediu desculpas aos "companheiros" gaúchos, e disse que
telefonou para Olívio Dutra para explicar o mal-entendido. "Quero pedir
desculpas aos petistas do Rio Grande do Sul pelo transtornou que eu
causei", disse Dirceu à rádio.

Resta saber se os militantes gaúchos e Olívio Dutra – além dos outros
alvos de Dirceu na entrevista mais polêmica do verão até agora –
aceitarão os pedidos de desculpa, na hipótese de que estes venham a ser
estendidos aos demais. Impedido de se candidatar a cargo eletivo até
2015 (a Câmara cassou, em 30 de novembro de 2005, seu mandato de
deputado federal, imputando-lhe a pena de oito anos de "gancho"
político, que começaram a ser contabilizados em 1º de fevereiro do ano
passado), Dirceu pode ter seu já combalido prestígio político ainda
mais prejudicado. Caso isso aconteça, ele não deve se abater. Resta-lhe
o bilionário negócio da "consultoria" sul-americana... (Fábio
Góis)

Leia a íntegra da nota do Psol:

"A entrevista de José Dirceu à revista Piauí é a última expressão do
grau de desespero que atinge o ex-todo poderoso porta-voz bajulador do
lulismo, hoje abandonado na vala comum dos cúmplices inconvenientes.Sua
manifestação contra a presidente nacional do PSOL, a ex-senadora e
professora universitária Heloisa Helena, é típica dos renegados que
abandonam as posições de progressistas de esquerda, sobre as quais
construíram suas vidas políticas, para se transformarem em lobistas do
grande capital, nacional e internacional, junto a parceiros que ainda
consegue manter na máquina governamental.O PSOL não vai responder no
mesmo tom desqualificado da citada entrevista. Não vai reativar
suspeitas sobre o comportamento do "guerrilheiro" que nunca fez
guerrilha, e que se notabilizou por ter sido o único membro de sua
organização, entre todos os que retornaram da clandestinidade, a
sobreviver à repressão da ditadura que nos assolou durante duas
décadas.Prefere admitir que esteja diante de um caluniador conseqüente,
hoje prestador de serviço aos que vivem da exploração do povo
brasileiro, ostentando vida de quem recebe polpudas recompensas por
tarefas certamente pouco dignas. Ou então, e na melhor das hipóteses,
que está diante de um desvairado, em surto psicótico. Que, como tal,
merece cuidados terapêuticos urgentes."

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Linux 2.6.23: Arr Matey! A Hairy Bilge Rat!
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