quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Fw: Ciência sob ataque

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http://redir.folha.com.br/redir/online/folha/ciencia/rss091/*http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/helioschwartsman/ult510u368285.shtml
Se eu fosse exagerado, diria que a ciência brasileira está sob ataque.
Como não sou, parece mais adequado afirmar que ela vem enfrentando
percalços imprevistos. Há duas semanas a ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, participou de um evento criacionista e, em seguida,
defendeu o ensino de teorias "alternativas" ao darwinismo. Poucos dias
depois, reportagem da Folha (só para assinantes) mostrava que cerca de
uma centena psicólogos, advogados, antropólogos e educadores procurava,
através de um abaixo-assinado, impedir um grupo de neurocientistas de
levar a cabo pesquisa que pretende esquadrinhar o cérebro de 50
adolescentes homicidas de Porto Alegre em busca de marcadores
biológicos. Investidas anticientíficas não são propriamente uma
novidade, que o digam Giordano Bruno e Galileu Galilei. Mesmo em tempos
de maior liberdade intelectual, como a Grécia Antiga, experimentadores
do quilate de Eratóstenes e Arquimedes enfrentavam um certo desdém de
filósofos puramente especulativos, então mais afinados com o
"Zeitgeist". O inquietante no caso brasileiro é que os ataques partam,
senão de aliados, ao menos de grupos e instituições que deveriam em
tese apoiar a ciência. Afinal, Marina Silva, na condição de ministra,
representa o Estado brasileiro. Já psicólogos, antropólogos e
pedagogos, embora não costumem militar nas fileiras da "hard science",
são --ou deveriam ser-- aquilo que antigamente chamávamos de
"Geistwissenschaftler", ou seja, simplificando um pouco, cientistas
socais, os quais deveriam, pelo menos etimologicamente, estar
comprometidos com o método científico. Comecemos pelo caso mais
gritante, que é o dos patrulheiros epistemológicos. De minha parte,
considero a neurociência um campo fértil e promissor, do qual tem
emergido muito material interessante para "insights" e reflexões.
Admito, entretanto, que nem todo mundo precisa pensar como eu. É
perfeitamente possível tachar sociobiologia, psicologia evolutiva e
genética como "reducionistas" --o que quer que isso signifique. Mais
até, é legítimo preocupar-se com o efeito que determinadas descobertas
possam ter sobre a sociedade. Imagine-se, por hipótese, que se
desenvolva um método de diagnosticar, ainda antes do nascimento,
indivíduos mais propensos a tornar-se criminosos quando adultos. Tais
embriões poderiam ser abortados? Se sim, por decisão de quem? Do
Estado? Dos pais? São questões apaixonantemente controversas. E, por
mais intransigentes que possamos ser na defesa da vida e da pluralidade
humanas, nada justifica deixar de realizar um estudo cujos protocolos
éticos se mostrem adequados, como é o caso do experimento gaúcho. Ele
não implica nenhum risco ponderável para as "cobaias" e só ocorrerá se
os pesquisadores obtiverem o consentimento esclarecido dos jovens e de
seus pais ou responsáveis e também a autorização da Justiça. Leia mais
(31/01/2008 - 00h02)

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