http://www.pesquisapsi.com/linhacetica/article/263/ignorancia-nuclear
Angra 1
É supreendente ver como a desinformação com uma dose de desonestidade
intelectual dissemina idéias erradas pela internet.
Achei um blog que tenta atacar o uso da energia nuclear. O texto está
cheio de incoerências científicas, falácias e mentiras deslavadas.
Em itálico, as alegações da ecologista de orkut. Em negrito, as
refutações:
É suja. Mais usinas nucleares significam mais lixo radioativo, e ainda
não existem depósitos definitivos para os rejeitos de Angra 1 e 2.
O lixo nuclear quando é armazenado de forma correta não apresenta
nenhum risco ao meio-ambiente.
Sobre Angra 1:
O combustível usado é armazenado na Piscina de Combustível Usado que
está localizada no edifício do reator na própria Usina. Os rejeitos
radioativos de média e baixa atividades estão sendo armazenados nos
Depósitos Iniciais de Rejeitos Radioativos do Centro de Gerenciamento
de Rejeitos – CGR da CNAAA, localizado no próprio sítio da Central
Nuclear. O CGR é destinado ao armazenamento temporário dos rejeitos
nucleares e, no momento, é constituído de duas unidades. A
Eletronuclear está procedendo a melhorias nas unidades 1 e 2A e
construindo mais outras unidades (Unidades 2B e 3). O custo de
manutenção do CGR está incorporado ao custo de Operação e Manutenção.
Em 10 de janeiro de 2003, a Eletronuclear e a CNEN firmaram o convênio
098/02, visando à construção do Depósito Final de Rejeitos Radioativos
– DFRR, para onde serão transferidos os rejeitos ora armazenados no
CGR. Angra 2 - O combustível usado é armazenado na Piscina de
Combustível Usado que está localizada no edifício do reator na própria
Usina. Atualmente, os rejeitos de média e baixa atividades gerados por
Angra 2 estão armazenados em local específico no interior da Usina.
Devido ao pequeno volume gerado por Angra 2, ainda não há necessidade
da remoção desses rejeitos para as unidades do CGR. Os custos de
armazenamento já estão no custo de operação e manutenção da Usina.
Angra 3 – Durante os primeiros anos de operação, os resíduos de Angra 3
ficarão armazenados no interior da própria Usina, como acontece com
Angra 2. Depois, serão armazenados nas Unidades do CGR e, futuramente,
transferidos para o Depósito Final. Os custos de armazenamento já estão
no custo de operação e manutenção da Usina.
É perigosa. Chernobyl e o caso do Césio em Goiânia são apenas alguns
dos inúmeros acidentes que marcam a história da energia nuclear.
Mais mentiras e desonestidade intelectual. A tecnologia utilizada nas
usinas nucleares modernas É BEM DIFERENTE e aperfeiçoada, se comparada
à de Chernobyl. Já o acidente com o Césio em Goiânia foi causado por um
aparelho de radioterapia que havia sido roubado e jogado em um
depósito, que continha uma fonte de cloreto de césio. Ou seja, não tem
nada a ver com usinas nucleares, logo é uma citação desonesta e
ilógica. Será que a autora do blog é contra a radioterapia, que trata
milhões de pessoas com câncer no mundo todo?
As diferenças entre Chernobyl e Angra 1 são enormes:
O reator acidentado na central de Chernobyl (tipo RBMK1000) difere dos
reatores construídos no Brasil (PWR – Pressurized Water Reactor) não
apenas no seu princípio físico de funcionamento, mas, também, nas
principais características construtivas. RBMK Chernobyl O reator
RBMK1000 é do tipo água fervente circulando em tubos de pressão
utilizando grafite como moderador de nêutrons.
O combustível consiste de pastilhas de dióxido de urânio enriquecido
entre 1,1% e 2% encamisadas em varetas de liga de zircônio. Os
elementos combustíveis estão inseridos nos tubos de pressão, que, por
sua vez, estão inseridos nos blocos de grafite. A água de refrigeração
circula pelos tubos de pressão e passa ao estado de vapor à medida que
remove o calor produzido no núcleo do reator. O vapor gerado é separado
da fase líquida e levado às turbinas. A água resultante da condensação
do vapor expandido nas turbinas retorna e é novamente distribuída pelos
tubos de pressão, fechando o ciclo – fig 1. PWR Angra 1 e Angra 2 Nos
reatores PWR, a água pressurizada é utilizada como refrigerante e
moderador em um circuito fechado (circuito primário), separado do
circuito secundário pelos tubos dos Geradores de Vapor. Veja aqui mais
diferenças.
Facilita o desenvolvimento de armas nucleares. Os países que têm o
domínio do ciclo de urânio podem desenvolver uma bomba atômica.
Isto não é verdade. O Brasil por exemplo domina tecnologia nuclear
desde a década de 70 e nunca desenvolveu armas nucleares. Também há o
fato de que o enriquecimento do urânio no Brasil não chega nem perto do
necessário para produzir bombas atômicas.
Gera instabilidade geopolítica. A energia nuclear gera uma corrida
entre países vizinhos e/ou rivais.
Caso similar ao anterior. Nunca houve instabilidade geopolítica na
América do Sul por causa do domínio da energia nuclear no Brasil.
Não resolve o problema das mudanças climáticas. O ciclo total da
indústria nuclear gera emissões de gases estufa. Além disso, seria
necessário construir mais de mil novos reatores em pouco tempo para
substituir as fontes fósseis, o que é impraticável.
Mentira. Energia nuclear não gera emissão de gases poluentes. Também a
autora do blog não fornece provas de que seriam necessários mil
reatores para substituir as fontes fósseis.No mais, a energia nuclear
pode ser sempre complementar à produção de energia fóssil.
Não gera empregos. Para cada emprego gerado pela indústria nuclear, a
indústria eólica gera 32 e a solar, 1426 .
Alegações sem provas. No mais, a cadeia produtiva da indústria nuclear
é muito extensa. Desde coleta dos minérios utilizados nos reatores até
a manutenção de uma usina, além de estimular pesquisas científicas. Já
a indústria eólica por exemplo necessita basicamente de poucas pessoas
para fazer a manutenção das turbinas.
É ultrapassada. Vários países do mundo, como Alemanha, Espanha e
Suécia, vêm abandonando a energia nuclear.
Mentira novamente. Veja a situação da energia nuclear em alguns países
da Europa:
França: A França possui 59 usinas nucleares em operação e 11 desligadas
que produziram 78% do total de energia elétrica gerada no país em 2005.
A AREVA, fornecedora francesa de bens e serviços nucleares fechou o
contrato com a EDF (empresa francesa de energia que opera os reatores)
para construção do novo reator Flamanville-3 tipo EPR 1600 MW,
localizado ao norte da França, na região de Manche. Os demais
fornecedores de equipamentos e serviços também já foram definidos
contratados e o início da construção está previsto para o final de
2007. O país reprocessa todo o seu rejeito nuclear e o usa em outros
reatores, além de também ter dois repositórios subterrâneos e
laboratórios de pesquisa que estudam modos ainda mais efetivos de
guardar rejeitos.
Alemanha: A decisão existente para o desligamento das 17 usinas alemãs,
até 2020 (fim da vida útil), encontra-se sob forte pressão para que
seja revogada. O custo para substituir os 31% (2005) de energia
elétrica, gerados pelas 17 usinas nucleares em funcionamento, por
energia renovável ainda é alto e necessita de subsídios do governo. A
percepção das vantagens econômicas e ambientais proporcionadas pela
energia nuclear em relação às alternativas disponíveis está sendo
decisiva para a revisão da posição anterior.
A Finlândia possui outras quatro usinas, que, juntas, correspondem à
produção de 28% da energia elétrica total produzida em 2006. Na
Finlândia os rejeitos de baixa e média atividade são depositados em
repositórios subterrâneos, construídos, nos sítios de Olkiluoto (desde
1992) e Loviisa (aprovado em 1992). Desde 1997 o depósito central
intermediário, está localizado nas dependências da instalação para
depósito final de Olkluoto, de acordo com o Radiation Act. Em 2001 o
Parlamento da Finlândia aprovou um projeto de construção de um depósito
a 500 metros de profundidade para abrigar em definitivo os resíduos
radioativos das usinas nucleares do país, se tornando a Finlândia a
primeira a aprovar um plano para enterrar os resíduos em sítios
subterrâneos permanentes.
É rejeitada pelos brasileiros. Pesquisa do ISER mostra que mais de 82%
da população brasileira são contra a construção de novas usinas
nucleares.
Este é um erro de lógica e raciocínio, ou seja, uma falácia. Esta
falácia se chama ad populum, que significa tentar validar uma idéia
baseado no que um grupo de pessoas pensa. Seguramente grande parte das
pessoas é contra a energia nuclear por falta de informação.
Não é renovável! O relatório Revolução Energética mostra como eliminar
a energia nuclear e as térmicas a carvão e óleo da matriz elétrica
nacional.
Se for pelo argumento de "não ser renovável", então deveríamos
abandonar o petróleo imediatamente, o que não é possível. Também não é
tão fácil e rápido mudaras matrizes eléticas de um país. Devem ser
investidos recursos em tecnologias como a energia eólica e solar, mas a
nuclear ainda é uma alternativa viável e que oferece um excelente
retorno energético. Vale lembrar também que durante o "Apagão" de 2001
foi a energia nuclear que evitou a falta de energia total no Estado do
Rio.
Fontes:
Eletrobrás
CNEN
Veja também:
História da Energia nuclear
Matéria na Superinteressante sobre o tema
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