quarta-feira, 13 de junho de 2012

Dinheiro desviado do Banco do Nordeste abastecia o caixa do PT

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Reportagem da revista Época deste fim de semana revela o desvio de mais de R$ 100 milhões do Banco do Nordeste. Boa parte desses recursos irrigaram as contas do Partido dos Trabalhadores do Ceará. Entre os maiores beneficiados está o hoje deputado federal José Guimarães. Guimarães ganhou notoriedade quando seu assessor parlamentar foi detido pela Polícia Federal portando US$ 100 mil na cueca. O episódio ocorreu em 2005, auge do escândalo do Mensalão.

De acordo com dados entregues ao TSE em 2010, os maiores doadores de campanha de Guimarães à Câmara foram José Alencar Sydrião Júnior, diretor do BNB  e filiado ao PT; Roberto Smith, presidente do banco no período em que ocorreram operações fraudulentas e Robério Gress do Vale, então chefe de gabinete da presidência do banco.

Com a divulgação da reportagem, o Banco do Nordeste afastou Robério Gress do cargo. Abaixo um trecho da reportagem de Época:

O novo esquema de desvios e fraudes no banco nordestino segue um padrão já estabelecido na longa e rica história da corrupção brasileira: o uso de laranjas ou notas fiscais frias para justificar empréstimos ou financiamentos tomados no banco. Assim como na dança de dinheiro dos tempos do mensalão, as suspeitas envolvem integrantes do PT. Um levantamento feito por ÉPOCA mostra que, entre os nomes envolvidos nas investigações da CGU e da Polícia Federal, há pelo menos dez filiados ao PT. Apresentado ao levantamento e aos documentos, o promotor do caso, Ricardo Rocha, foi enfático ao afirmar que vê grandes indícios de um esquema de caixa dois para campanhas eleitorais. "O número de filiados do PT envolvidos dá indícios de ação orquestrada para arrecadar recursos", afirma Rocha.

A maioria das operações fraudulentas ocorreu entre o final de 2009 e o início de 2011. Somados, os valores dos financiamentos chegam a R$ 100 milhões, e a dívida com o banco a R$ 125 milhões. Só a MP Empreendimentos, a Destak Empreendimentos e a Destak Incorporadora conseguiram financiamentos na ordem de R$ 11,9 milhões. Elas pertencem aos irmãos da mulher de Robério do Vale, Marcelo e Felipe Rocha Parente. Segundo a auditoria do próprio banco, as três empresas fazem parte de uma lista de 24 que obtiveram empréstimos do BNB com notas fiscais falsas, usando laranjas ou fraudando assinaturas. As empresas foram identificadas após a denúncia feita por Fred Elias de Souza, um dos gerentes de negócios do Banco do Nordeste. Ele soube do esquema na agência em que trabalhava, a Fortaleza-Centro, e decidiu procurar o Ministério Público, em setembro do ano passado. "Sou funcionário do banco há 28 anos. Quando soube do que estava acontecendo, achei que tinha o dever de avisar o MP", diz. O promotor Rocha, depois de tomar conhecimento do teor e da gravidade das denúncias de Souza, chamou representantes do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União para acompanhar o depoimento.

Em um dos casos, fica evidente o aparelhamento político do banco por membros do PT. Souza denunciou a existência de um esquema chefiado pelo empresário José Juacy da Cunha Pinto Filho, dono de seis empresas que obtiveram mais de R$ 38 milhões do Banco do Nordeste, em recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), entre 2010 e 2011. Para conseguir financiamentos para compras de máquinas e veículos, foram apresentadas notas fiscais falsas, segundo o Relatório da CGU. Tudo era feito com a conivência de funcionários das agências bancárias e de avaliadores do banco. No caso da empresa Flexcar Comércio e Locação de Veículos, o então gerente de negócios da Agência BNB Fortaleza-Centro, Gean Carlos Alves, afirmou em laudo ter visto os 103 carros financiados pelo banco. Fred de Souza afirmou em depoimento que uma fiscalização identificou apenas 33. Segundo a investigação, Alves alterou os registros referentes aos gravames (documentos de garantia da dívida) dos veículos para liberar quase R$ 3 milhões para a Flexcar, aceitou notas fiscais falsas e falsificou o e-mail de um colega. Segundo o depoimento de Fred de Souza, Alves liberou R$ 11,57 milhões para três empresas de Pinto Filho usando uma senha dada pelo controle interno do banco e pela Gerência-Geral da agência. A gerência é ocupada por Manoel Neto da Silva, filiado ao Partido dos Trabalhadores.

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Abaixo a notícia do UOL sobre o afastamento de Robério Gress do Vale:

O Banco do Nordeste afastou do cargo, nesta segunda-feira (11), o chefe de gabinete da presidência da instituição, Robério Gress do Vale. A decisão do banco ocorre dois dias após reportagem da revista “Época”, que trouxe detalhes de auditorias da CGU (Controladoria-Geral da União) e da própria instituição, com sede em Fortaleza, sobre um suposto esquema de desvio de dinheiro. O valor total das operações de crédito irregulares ultrapassaria R$ 100 milhões. O Banco do Nordeste confirmou a existência das fraudes, mas não citou valores.

Em comunicado oficial publicado nesta tarde, o Banco do Nordeste informou que Robério Gress do Vale é funcionário de carreira há mais de 28 anos e passará a atuar em outra área da instituição, mas não informou o novo cargo. Ele ocupava a chefia de gabinete da presidência desde dezembro de 2004. O Banco disse ainda que não vai se pronunciar sobre os motivos da decisão.

Em outra nota oficial, também divulgada nesta segunda-feira, o Banco do Nordeste confirmou a existência de auditoria interna, que apurou as denúncias de irregularidades na concessão de empréstimos entre o final de 2009 e início de 2011. "Esta instituição, tão logo tomou conhecimento, ainda em julho de 2011, dos primeiros indícios de irregularidades, adotou imediatamente todas as providências que a situação reclamava."

Segundo o banco, foram abertas quatro sindicâncias, que ainda estão em andamento, mas que já confirmaram a existência de fraudes. No período investigado, o Banco do Nordeste informou que as irregularidades envolveram 24 clientes, de um total de 5,8 milhões de operações de crédito no período. Após a descoberta da fraude, o banco informou que adotou "diversos aperfeiçoamentos" nos processos de crédito. O banco, porém, não cita o valor supostamente desviado.

Sobre as investigações, o banco informou ainda que elas "já resultaram no afastamento e demissão de vários colaboradores. Além disso, o banco passou, espontaneamente, a interagir com os órgãos de controle externo –CGU, Ministério Público e Polícia Federal– a fim de que o assunto recebesse os encaminhamentos e apurações devidos, para além daqueles levados a curso no âmbito do próprio Banco do Nordeste.”

Investigações

As investigações do caso estão no MP-CE (Ministério Público Estadual), que afirma que empresas utilizavam notas fiscais frias na prestação de contas de empréstimos tomados na instituição. Além disso, os verdadeiros beneficiários do esquema utilizariam "laranjas" para obter os benefícios, por meio de linhas de crédito da instituição. A CGU também informou que uma auditoria está em andamento para investigar as supostas fraudes.

Segundo a revista “Época”, os valores dos financiamentos irregulares chegam a R$ 100 milhões, que resultaram em uma dívida com o banco de R$ 125 milhões. Somente as empresas MP Empreendimentos, a Destak Empreendimentos e a Destak Incorporadora conseguiram financiamentos na ordem de R$ 11,9 milhões –todas pertenceriam aos irmãos da mulher de Robério Gress do Vale, afastado hoje pela instituição.

A denúncia das irregularidades foram feitas pelo gerente de negócio do banco, Fred Elias de Souza. A revista diz que o funcionário soube do esquema na agência em que trabalhava, localizada no centro de Fortaleza, e procurou o MP em setembro do ano passado para informar sobre o caso.

Ainda segundo a reportagem, entre os nomes envolvidos nas investigações da CGU e da Polícia Federal, existem pelo menos dez filiados ao PT, o que seria um indício de caixa-dois para financiamento de campanhas eleitorais.

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Na noite de ontem (11), o Jornal Nacional repercutiu o caso. A íntegra da reportagem pode ser vista abaixo:

Clique aqui para assistir o vídeo inserido.

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