geral, marronzinhos não multaram todos os motoristas infratores
Renato Machado e Cida Alves - O Estado de S.Paulo
ESPECIAL PARA O ESTADO
A promessa era de que todos os motoristas que não respeitassem os
pedestres seriam multados desde ontem. Mas, na prática, não foi bem
isso o que aconteceu. Enquanto um "marronzinho" multava um motorista
infrator, em média outros quatro passavam sem sofrer consequências. Até
carros do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) foram flagrados
ignorando a lei.
Não pararam na faixa nenhum dos cinco carros oficiais do TJ que
passaram pelo cruzamento sem semáforo das Ruas Conde do Pinhal e
Glória, no centro, durante os 30 minutos em que a reportagem esteve no
local. Em três das situações havia pedestres aguardando para atravessar.
Em outra, o carro não só deixou de dar preferência às pessoas a pé,
como parou em cima da faixa para que um passageiro descesse do veículo.
O quinto carro passou no momento em que não havia nenhuma pessoa
esperando para atravessar.
A reportagem também esteve em outros cinco cruzamentos em que foram
escalados agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) para
fiscalizar o respeito aos pedestres. Durante os 15 minutos em que
permaneceu em cada local, houve 48 veículos avançando sobre a faixa de
pedestres quando havia alguém atravessando. Mas os cinco "marronzinhos"
informaram ter aplicado 11 multas no total.
Para identificar uma infração, o Estado usou os mesmos critérios
ensinados pela CET a seus agentes para configurar que um pedestre está
atravessando uma via: indicar a intenção de atravessar com o braço ou
pisar sobre a faixa. Nesses casos, a orientação dada aos marronzinhos é
de aplicar multa se o veículo não parar.
No cruzamento da Avenida Brigadeiro Luís Antônio com a Rua dos
Ingleses, o marronzinho agiu exatamente como previsto e multou todos os
infratores. A rua é mais tranquila, mas mesmo assim ele aplicou cinco
multas - uma média de uma a cada três minutos. A reportagem registrou
um total de nove infrações, mas as quatro de diferença aconteceram no
momento em que o agente preenchia o extenso talonário de multa - em que
precisa colocar corretamente placa, modelo do veículo, hora, local e
código da infração.
Nos outros quatro locais, no entanto, os marronzinhos deixaram passar
infrações. No cruzamento da Rua Quintino Bocaiuva com a Benjamim
Constant, a reportagem flagrou 14 infrações, mas apenas uma foi
registrada pelo marronzinho.
Um dos motivos para não autuar muitos motoristas é que ele mantinha o
comportamento da época da campanha, preferindo parar o tráfego para as
pessoas atravessarem, em vez de se ausentar e multar depois. Quadro
parecido aconteceu na Rua Augusta com a Luís Coelho, também na região
central. Foram 11 infrações registradas pela reportagem e apenas duas
multas.
Em alguns cruzamentos, onde a CET prometeu que haveria fiscalização,
foi constatada a ausência dos marronzinhos. Entre eles estão os
cruzamentos das Ruas Senador Queiróz e 25 de Março, e da Rua Augusta
com a Antônio Carlos.
Outro lado. Sobre os carros oficias que não respeitaram a preferência
do pedestre, o Tribunal de Justiça informou que o setor responsável
pelo transporte já foi comunicado do problema e será instaurado um
procedimento para averiguar cada caso e as circunstâncias em que
ocorreram. O órgão não quis estipular uma data para divulgar o
resultado das apurações.
A CET explicou que os 154 agentes de trânsito escalados para fiscalizar
os 78 cruzamentos das regiões central e da Avenida Paulista estão
divididos em turnos e trabalham em escala de rodízio e por isso nem
sempre estarão em todos os cruzamentos fiscalizados.
Sobre a postura dos agentes quanto às autuações, a CET disse que eles
devem preencher de forma legível e completa todas as informações do
auto de penalidade, antes de passar para a próxima autuação. Em caso de
dúvida sobre a infração, todos os agentes são orientados a não efetivar
a multa. -- http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/node/16705
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