quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Política de quantitativismo etc

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Esse vídeo é tão ruim, mas tão ruim, que me surpreendeu o fato dele estar no canal do Palácio do Planalto. Achei que era do Exilado ou coisa assim.
Eu pensei em fazer graça, dizer que era Embromation, mas não é engraçado. É triste. Dilma fica mexendo nos papéis porque NÃO CONSEGUE DISFARÇAR O DESCONFORTO. O fato de estar absolutamente insegura quanto a o que dizer, como dizer, o que não dizer.

Eu tenho impulsos de pena. "Coitada, ela não tem a menor familiaridade com microfones, câmeras e nem precisa ter. Presidente não é artista".

Mas não dá para ter dó. Ela foi artista na campanha. Aceitou os papéis escritos pelo marqueteiro - durona, Mãe, gerentona, doce, supercatólica. Se soltou quando quis, como naquela coletiva em que vociferou contra a Folha. Se fez de vítima do tema "aborto" mas surfou na onda, chamou Gabriel Chalita para apaziguar os antiaborto, disse que nunca tinha dito o que disse, puxou o tema aborto na primeira pergunta que fez no primeiro debate do segundo turno. Deixou dizerem que ela estava fazendo a tal da "faxina", corajosamente, apesar das resistência na base governista, e quando foi conveniente veio a público repisar que "faxina é na pobreza", porque a coisa estava virando galhofa (e a gente ainda quer a cabeça de alguns ministros, como o do Turismo, então precisa mudar de assunto!!!).

Dilma acaba de participar de reunião importante na China e, sem script, não sabe o que dizer??? Sem o Lula ao lado falando umas bobagens para entreter a plateia, ou vociferando contra as elites inimigas; sem o João Santana dando as palavras-chave, ela volta a ser tímida?

O pior não é a falta de jeito, a timidez. É o conteúdo mesmo. A falta dele, naturalmente. O nada embrulhado, alternadamente, em firmeza, descontração, despiste com ares de grande estratégia.

O repórter perguntou sobre o câmbio. Falar sobre comércio exterior e não estar preparada para responder sobre o câmbio é inacreditável. Ela se atrapalha e descobre, lá no meio da resposta, que estava falando sobre juros. Ah, tá - "e o câmbio?", insiste o repórter. Ah, isso ela não pode responder... É "amarrado". Mas "no horizonte de quatro anos...". #falou.

Dilma entrou em uma roubada sem tamanho. Foi ser presidente de um país que viveu uma das maiores bolhas de "prosperidade" e ilusão de grandeza desde os anos 70 (Ame-o ou Deixe-o!, o País-Continente de praias ensolaradas, matas abundantes e petróleo, "Ninguém segura a juventude do Brasil!"). Só que ela não é da oposição, é a responsável pela continuidade. Não pode dizer "meu filho, eu encontrei uma zona e você não espera que eu resolva de uma hora para a outra".

Então é melhor não dizer nada mesmo, e só aparecer em público com o roteiro bem combinado...

PS: E o desconforto do trio de ministros atrás dela? Se bem que o Lobão - o dono do SBT no Maranhão, segundo o Lula - consegue fazer melhor a cara de esfinge.

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