domingo, 30 de novembro de 2008

Dantas lavava dinheiro no Porto de Santos e mais 3 setores

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Investigações da Polícia Federal, ainda no âmbito da Operação Satiagraha, revelam que o economista Daniel Dantas, dono do grupo Opportunity, teria lavado dinheiro de quatro maneiras diferentes. Uma delas teria sido por meio de uma de suas empresas, a Santos Brasil S/A, que opera o terminal de contêineres Porto de Santos e teria sido utilizada para a lavagem de dinheiro que Dantas tinha no exterior.

O inquérito da PF mostra que o próprio Dantas adquiriu debêntures (títulos de crédito representativo de empréstimo) da Santos Brasil com o dinheiro que tinha em bancos estrangeiros. A polícia diz que as operações financeiras irregulares pareciam ter sido efetuadas por investidores estrangeiros, uma vez que intermediários serviram como forma de ocultar o verdadeiro dono dos recursos. As informações foram veiculadas na edição de hoje (30) do jornal Folha de S.Paulo.

Além da lavagem no Porto de Santos, Dantas emprega criminosamente o dinheiro em mineração, criação de gado e empreendimentos imobiliários. O terminal de contêineres foi por ele arrematado por US$ 250 milhões em um leilão de privatização realizado em 1997, à época do governo Fernando Henrique Cardoso.

O relatório parcial da Satiagraha mostra que o esquema fraudulento de Dantas é semelhante ao que foi usado pelo ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf, que também comprou debêntures da Eucatex – empresa do atual deputado federal pelo PP. Em 1997, US$ 92 milhões em debêntures da Eucatex foram adquiridos por três fundos administrados pelo Deutsche Bank. Segundo o Ministério Público, o dinheiro teria sido desviado de obras da Prefeitura de São Paulo.

Segundo a PF, dois intermediários foram utilizados na compra de debêntures pelo grupo Opprtunity: uma offshore (sociedade comercial constituída em zonas livres, fora das fronteiras do país) de Roberto Amaral, ex-diretor da Andrade Gutierrez, em que teriam sido pagos US$ 30 mil para sacramentar a compra.

O outro intermediário seria um banco norte-americano que realizava o negócio por meio de recursos vindos das Ilhas Cayman, paraíso fiscal no Caribe onde Dantas mantém um fundo de investimentos. O dinheiro passaria por fundos do banco UBS em Delaware, outro paraíso fiscal, agora nos Estados Unidos. O UBS teria remetido o dinheiro para um fundo brasileiro de forma a parecer que o operação era feita por investidores estrangeiros.

Segundo a matéria da Folha, a PF ainda não tem provas da operação de compra de debêntures com recursos oriundos no exterior, mas documentos de posse dos responsáveis pela Operação Satiagraha descrevem o esquema fraudulento. Em um dos documentos é explicitada a razão pela qual um fundo norte-americano teria sido usado para a compra de debêntures. "Perante o Bacen [Banco Central]/Brasil o comprador das debêntures é um fundo do UBS Master nos EUA (que é mais confiável do que Cayman)". As Ilhas Cayman são conhecidas pela falta de exigências e explicações sobre a origem do dinheiro que é transferido para os bancos sobre seus domínios. (Fábio Góis)

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