sexta-feira, 18 de julho de 2008

Greenhalgh cita Richthofen como caixa dois do PSDB

URL: http://congressoemfoco.ig.com.br/Noticia.aspx?id=23334


DE SÃO PAULO
 
As denúncias de corrupção envolvendo contratos bilionários da Alstom com empresas públicas do Estado de São Paulo aparecem nas escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal (PF) no relatório da operação Satiagraha. O engenheiro da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) Manfred von Richtofen, assassinado pela filha em 2003, é citado como um dos responsáveis por arrecadar fundos desviados desses contratos.
 
A suspeita foi levantada pelo ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh em uma conversa interceptada pela PF com um Homem Não Identificado (HNI) no dia 9 de maio de 2008 às 14h57. Em um dos trechos, o homem que conversa com Greenhalgh chega a colocar em dúvida a candidatura Alckmin à prefeitura de São Paulo por causa das relações com Richthofen e os contratos com a empresa francesa.
 
GREENHALG: E o diz que esse assunto, o menino lá não me explicou, mas diz que esse assunto ALSTOM? Bate no... tem implicação com o assunto CRISTIANE VON RICHTHOFFEN.... aquela mulher... aquela...
HNI: aquela menina que matou o Pai lá...
GREENHALG: É...
HNI: Ué como?
GREENHALG: Não sei, diz que tem implicação com a história dela, porque o pai trabalhava no metrô.... no DERSA? O pai dela.... o que morreu, parece que era caixa do PSDB, é um puta de um rolo, é uma novela esse assunto aí, mas eu não me inteirei sobre isso não...
HNI: (inaudível) vai acabar a candidatura do ALCKMIN.... ou não né, é uma ação e tanto, vamos...
GREENHALG: É, vamos acompanhar isso aí...
 
Na Assembléia Legislativa de São Paulo, a bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) cita um dos contratos firmados entre a Dersa e a Alstom como parte do que acredita ser a fonte para o caixa 2 tucano em São Paulo.
 
Em 2002, Manfred Albert von Richthofen, aparece como executor de um contrato no valor de R$ 22 milhões entre a estatal paulista e a fabricante francesa para fornecimento e instalação de equipamentos eletromecânicos do sistema de ventilação em túneis do trecho oeste do Rodoanel.
 
Ainda segundo o PT, o contrato foi aditado várias vezes e teve seu valor multiplicado nos anos em que esteve em vigor. O partido de oposição na assembléia paulista diz ainda que o assassinato do engenheiro pela filha Suzane Von Richthofen e os irmão cravinhos, revelou uma fortuna em contas na suíça.
 
Elas fariam, segundo o PT, parte de um grande esquema de corrupção envolvendo a Dersa e a Alstom para arrecadar fundos para as campanhas de Alckmin ao governo do Estado e José Serra à presidência nas eleições de 2002.
 
O departamento de imprensa da estatal afirma que desconhece as denúncias e não se pronunciou sobre o caso. Mesmo posiução foi adotado pela assessoria do ex-governador, que se diz surpresa com as informações. A assessoria da Casa Civil de Serra não retornou os contatos do Congresso em Foco.
 
Preocupação tucana
 
As conversas interceptadas pela PF também sugerem que as relações da Alstom com o Metrô paulista também preocupam o PSDB em São Paulo. Ainda no diálogo entre Greenhalg o um Homem Não Identificado, o ex-parlamentar diz ter informações sobre o assunto:
 
HNI: LUIZ e esse negócio da Alstom? Em SÃO PAULO? Você tem acompanhado essa história do metro [sic] ....
GREENHALGH: a informação que eu tenho, com acompanhado de longe eu tenho um ex-cunhado... é engenheiro lá...
HNI: Tá...
GREENHALGH: Certo, que por coincidência jantou comigo ontem, e disse que o metrô treme com esse assunto...
HNI: Treme com esse assunto, é a informação que a gente teve também....
GREENHALGH: Treme...
HNI: Treme porque é a princípio tem aquela história né, tem um povo que ta lá há 20 anos, vai afastando aquela confusão lá do buraco... tirou trocou... todo mundo né, mas nesse retorno dele QUÉRCIA... esse acordo né dando uma volta, porque o cara que estava lá... aquele cara... é o a coisa complicada mesmo viu amigo....
 
O ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia, foi citado na conversa em referência ao apoio do PMDB à candidatura de Gilberto Kassab (DEM) para a prefeitura de São Paulo. Kassab é aliado do atual governador José Serra e, segundo especulam Greenhalgh e seu interlocutor na conversa, o acordo poderia representar a volta de antigos funcionários do metrô ligados a Quércia.
 
Sem sucesso
 
O PT bem que tentou, mas não consegui emplacar uma CPI na Alesp para apurar as denúncias de pagamento de propina pela Alstom para fechar contratos com empresas públicas do estado. Os parlamentares governistas em São Paulo usam as mesmas estratégias dos petistas em Brasília para barrar investigações (leia).
 
Segundo o jornal norte-americano Wall Street Journal, que trouxe o assunto à tona, a Alstom liberou US$ 6,8 milhões, na forma de suborno, para obter um contrato de US$ 45 milhões com o Metrô de São Paulo (leia). O caso é investigado por autoridades suíças, francesas e brasileiras, mas corre em segredo de Justiça.
 
Procurada pelo Congresso em Foco, assessoria de Greenhalg não pôde colocar o ex-deputado em contato com a reportagem. Em nota divulgada à imprensa, ele afirma que foi “contratado por Daniel Dantas para prestar serviços como advogado, profissão que exerce há mais de 30 anos”. “Minha atuação nesse caso, portanto, é a de advogado”, continua o texto.
 
Greenhalgh também contesta a divulgação de conversas telefônicas, dizendo que ferem os sigilos profissional, pessoal e do inquérito policial. “O mais grave, no entanto, é que telefonemas corriqueiros e encontros que não têm qualquer ligação com o caso passam a ser divulgados como se relacionados a ele”, segue a nota.
 
Auditoria
 
Em recente visita ao Brasil, o presidente mundial do grupo Alstom, Patrick Kron, afirmou que a companhia está fazendo os levantamentos internos sobre as denúncias e participou da auditoria do metrô.
 
Atualmente, a empresa francesa aguarda o relatório final e as definições do juiz que comanda o inquérito na Suíça. Kron disse também que a fabricante está colaborando com informações relativas à empresa para as investigações em andamento.

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