quarta-feira, 19 de março de 2008

Fw: Parlamentares favorecem setores que financiaram suas campanhas

URL: http://congressoemfoco.ig.com.br/Noticia.aspx?id=21480

Eduardo Militão, Lúcio Lambranho e Edson Sardinha

O lobby do álcool não foi o único a mostrar a cara na discussão da
Medida Provisória 413/2008, que aumenta a alíquota da Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das instituições financeiras. Dos
46 parlamentares que propõem mudanças à MP, 21 apresentaram sugestões
que beneficiam, ao todo, dez setores responsáveis pela injeção de R$
3,84 milhões em suas respectivas campanhas eleitorais.

O principal beneficiário é o setor sucroalcooleiro, conforme revelou
ontem (18) o Congresso em Foco, seguido do mercado financeiro. Alvo
original da MP, as instituições financeiras foram contempladas com
emendas propostas por seis parlamentares que delas receberam, juntos,
R$ 814 mil nas últimas eleições. Eles defendem a derrubada do aumento
da CSLL para os bancos.

O terceiro grupo econômico envolve os fabricantes, os importadores e os
consumidores do papel imprensa. Quatro deputados, que receberam R$ 182
mil nas últimas eleições, propõem mudanças para manter isenções
tributárias para o segmento.

Também merecem destaque três setores ligados ao agronegócio. Juntos, as
indústrias de fertilizantes e de máquinas agrícolas e outros
empreendimentos rurais colaboraram, em 2006, com R$ 1,19 milhão para a
campanha de cinco deputados, que, agora, apresentam emendas com
benefícios fiscais para o setor.

DEZ LOBBIES ATUAM NA MP 413
Clique abaixo para ver o nome dos parlamentares


TABELAS: POR PARLAMENTAR – POR SETOR

Fonte: Congresso em Foco, a partir de dados da
Câmara dos Deputados e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)


A maioria desses 21 parlamentares integra partidos de oposição ao
governo. Sete são do PSDB e quatro do DEM. O também oposicionista PPS
tem dois representantes na lista. Os governistas PP, com três, PT, com
dois, e PSB, PTB e PMDB, com um cada, completam a relação.

Há congressistas de nove estados. Destaque para São Paulo e Paraná, que
têm oito e cinco nomes respectivamente entre os que apresentaram
emendas em prol de setores que ajudaram a financiar suas campanhas.
Também há representantes de Pernambuco (dois), Amazonas, Ceará, Goiás,
Minas Gerais, Piauí e Santa Catarina (veja o que eles alegam).

Mixaria

O campeão em emendas foi o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR). Das 37
feitas por ele, 25 coincidem com interesses de sete setores econômicos
que fizeram doações para sua eleição em 2006. O deputado nega haver
qualquer conflito de interesse nessa relação.

"Imagina! Eles deram uma mixaria", desdenhou, ontem, ao comentar o
assunto. Na campanha eleitoral, Hauly recebeu R$ 55 mil de usineiros e
mais R$ 335 mil de outros seis ramos de atividade contemplados por suas
emendas. São eles: mercado financeiro e indústrias de embalagens tipo
Pet, papel, fertilizantes, laticínios e cooperativas.

O deputado tucano diz que há 17 anos vem lutando pela simplificação dos
impostos – o assunto principal da MP 413. Por isso, tantos setores
empresariais foram beneficiados por emendas suas. "As minhas emendas
são todas propostas que buscam equacionar os problemas tributários
brasileiros", argumentou.

Ele recordou ser autor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
45/2007, que prevê o fim de diversos tributos, como ICMS, ISS, Cofins,
IOF e CSLL, em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)
da Câmara. O paranaense também foi um dos relatores do projeto de lei
que criou o Supersimples.

Em uma de suas emendas, Hauly pede o fim da cobrança da CSLL das bolsas
de valores (Bovespa e BM&F). "Elas não têm lucros [altos como os
bancos]. Elas são intermediárias", justificou. As duas instituições
doaram, ao todo, R$ 120 mil para a campanha do deputado em 2006.

O Congresso em Foco procurou a Federação Brasileira de Bancos
(Febraban), mas sua assessoria informou que a entidade não falaria
sobre o assunto, pois não fez nenhuma doação nas últimas eleições. Já
parlamentares que emendaram em favor de indústrias de papel admitem que
atenderam a pedidos de doadores de campanha (leia mais).

LEIA AINDA:

O que dizem os parlamentares

Fabricante de papel diz que faz "colaboração cívica"


--

Nenhum comentário: