segunda-feira, 7 de julho de 2008

Propaganda induz à alimentação não saudável, diz UnB

URL: http://congressoemfoco.ig.com.br/Ultimas.aspx?id=23157


Pesquisa divulgada pela Universidade de Brasília (UnB) revela que 72% das propagandas em veículos de comunicação induzem ao consumo de alimentos que fazem mal à saúde. Segundo pesquisadores responsáveis pelo estudo, os resultados mostram que as peças publicitárias chamam a atenção para fast foods (lanches rápidos), doces, biscoitos, refrigerantes e similares, com especial ênfase no público infantil.

Depois de 52 semanas e 20 diárias de análise da programação de TV aberta e fechada, professores, alunos e recém-formados do Departamento de Nutrição da universidade chegaram à conclusão de que 72% das peças publicitárias “vendem” alimentos com alto teor de gorduras, açúcares e sal. Segundo a pesquisa, os alimentos mais divulgados são (ordem decrescente): fast food (como sanduíches e batatas fritas); guloseimas (chicletes, balas) e sorvetes; refrigerantes e sucos artificiais; salgadinhos de pacote, e biscoitos (doces e recheados) e bolo.

"O que essa pesquisa faz é subsidiar uma discussão sobre alguns projetos de lei que possam regulamentar a veiculação de propagandas direcionadas à alimentação infantil", declarou ao Congresso em Foco a professora Elisabetta Recina, uma das coordenadoras da pesquisa, para quem a Agência Nacional de Vigilância Sanitária pode ser crucial nesse processo.

Segundo a pesquisadora, as discussões ainda não ganharam corpo no Congresso porque atingem "muitos interesses". "Já existem alguns projetos de lei sobre o assunto no Congresso que nunca vão pra frente. Talvez essas informaçoes [da pesquisa] possam contribuir para que haja um atenção maior a isso", resigna-se Elisabetta, acrescentando que a questão ainda não é discutida "com a profundidade que ela merece".

A pesquisa revelou ainda que, nos canais de TV a cabo orientado ao público infantil, cerca de 50% das peças publicitárias fazem divulgação de alimentos – o que mostraria, segundo os pesquisadores, um “direcionamento” das propagandas para esse tipo de público-alvo, de forma a induzir as crianças a hábitos não salutares. Quando se juntam canais abertos e fechados, segundo o estudo, esse tipo de propaganda destinada às crianças chega a 44%.

Elisabetta diz que o fato de as peças publicitárias induzirem principalmente as crianças à má alimentação torna a situação ainda mais preocupante . "É um fator que contribui para que os hábitos da criança não sejam saudáveis. Na cabeça da criança, aquela propaganda pode ser considerada como verdade absoluta", disse a pesquisadora, lembrando que boa parte das crianças hoje em dia passam "muitas horas em frente à TV". 

Intitulada Pesquisa de Monitoração de Propaganda de Alimentos Visando à Prática da Alimentação Saudável, a pesquisa foi realizada pelo Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição (Opsan) da UnB, e reuniu dados colhidos entre 2006 e 2007 com subsídios do Ministério da Saúde e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). (Fábio Góis)

Confira dados preliminares da pesquisa:

- 20% da programação das TVs são ocupadas por publicidade. Desse total, 10% é sobre alimentos;

- Foram analisados quatro canais de TV, sendo dois abertos e dois fechados;

- Nos canais fechados, 50% da publicidade é voltada para o público infantil;

- A gravação foi feita durante 20 horas durante sete dias de 52 semanas (entre agosto de 2006 e agosto de 2007), totalizando 4.160 horas de material coletado;

- Neste mesmo período foram analisadas 18 revistas, sendo 3 destinadas ao público adulto, 8 para o feminino, duas para adolescentes e seis para crianças;

- Cinco categorias de produtos (fast food; guloseimas e sorvetes; refrigerantes e sucos artificiais; salgadinhos de pacote, e biscoitos e bolo) são responsáveis por 72% das propagandas de alimentos;

- Reunindo canais abertos e fechados, 44% do total de propagandas de alimentos é direcionado às crianças;

- Na mídia impressa, cerca de 15% do total de peças publicitárias são de alimentos;

Em revistas infantis, esse número é um pouco maior, fica em torno de 18%;

Fonte: Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição / UNB

Matéria atualizada às 16:16

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