Edson Sardinha
A Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil, vai custar pelo
menos o dobro do previsto pelos organizadores da competição deste ano,
na África do Sul. Reportagem da Folha de S. Paulo mostra que a Copa vai
custar R$ 7,96 bilhões aos sul-africanos em 2010, enquanto as
estimativas brasileiras apontam para um gasto de R$ 17,52 bilhões. Uma
diferença de R$ 9,5 bilhões, ou 120%.
Mas a conta deve ser ainda maior no Brasil, já que as obras na África
do Sul estão em fase final para receber as partidas, que serão
realizadas entre os meses de junho e julho. Os dois países não
incluíram nesse orçamento os investimentos na melhoria de seus
aeroportos. "Esse valor inclui infraestrutura, estádios, comunicação,
segurança e desenvolvimento esportivo", disse à Folha o porta-voz do
Tesouro Nacional sul-africano, Thoraya Pandy. No caso brasileiro, estão
incluídas despesas com estádios, transporte e obras próximas às praças
esportivas. Estão fora do levantamento gastos com segurança, tecnologia
e infraestrutura esportiva, como a construção de centros de treinamento.
Apenas com a construção e a reforma dos estádios, o Brasil deve gastar
R$ 5,34 bilhões. Desse total, 94% serão financiados diretamente pelo
poder público. Os 6% restantes virão dos cofres do São Paulo, do
Atlético Paranaense e do Internacional, que receberão empréstimos do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para
reformarem suas arenas.
Os custos de estádios, únicos que tinham estimativa feita no projeto da
Confederação Brasileira de Futebol (CBF), já mais do que dobraram em
relação a 2007, informa o repórter Rodrigo Mattos.
O ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., disse não acreditar nos
números apresentados pelos sul-africanos. "Acho que esse valor é muito
maior. Tenho convicção de que é maior que isso", afirmou à Folha.
A Copa no Brasil terá número maior de estádios (12 contra 10) e sedes
(12 contra 9) em relação à África do Sul. Os dois países têm
praticamente a mesma renda per capita, algo em torno de US$ 10 mil (R$
18,7 mil), e receberão investimento público maciço para organizarem o
Mundial. "Você já foi lá? Eles têm problemas de infraestrutura. O
transporte público precisa de bem mais coisa que o nosso", afirmou
Orlando Silva. O ministro disse que não queria fazer comparação entre
os dois orçamentos por não confiar nos números apresentados pelos
sul-africanos. "Não vou especular sobre números. Estou surpreso",
declarou à Folha.
De acordo com a reportagem, após o início das obras e a inclusão de
novas despesas, os gastos brasileiros devem ficar próximos aos
totalizados pela Alemanha em 2006. Aplicando-se o atual câmbio e a
inflação acumulada no país europeu nos últimos três anos, os alemães
gastaram entre R$ 21,2 bilhões e R$ 26,5 bilhões com a organização do
Mundial. A diferença, ressalta a reportagem, é que a conta alemã foi
fechada após os jogos e reúne todas as despesas, inclusive as reformas
dos aeroportos.
O valor estimado para as obras dos estádios brasileiros já se aproxima
do gasto pelos alemães. Foram aplicados R$ 5,55 bilhões na construção
ou reforma das arenas na Alemanha, R$ 200 milhões a menos do que o
previsto até o momento no Brasil, acrescenta a reportagem da Folha. A
renda per capita alemã é mais que o triplo da brasileira: US$ 34,2 mil
(R$ 63,95 mil).
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