terça-feira, 2 de agosto de 2011

"Poluição nas grandes cidades afeta até o cérebro, aponta estudo" - EcoDesenvolvimento | Rede Nossa São Paulo

Diversas pesquisas já haviam demonstrado que a poluição prejudica os
sistemas cardiovascular e respiratório, porém, ela também está ligada à
deterioração do cérebro, conforme conclusão de um estudo da Ohio State
University (EUA) publicado recentemente na revista científica Molecular
Psychiatry.

Durante o experimento, um grupo de camundongos foi exposto ao ar
poluído e o outro permaneceu em um ambiente com ar filtrado. O nível da
poluição usado, segundo os pesquisadores, foi semelhante ao que se
encontra nas grandes cidades industrializadas, como São Paulo, com a
presença de partículas poluentes menores que 2,5 micrômetros – quanto
menores, mais nocivas elas são ao corpo.

Após 10 meses de exposição, os animais foram submetidos a uma série de
testes comportamentais que avaliaram o aprendizado e a memória, além da
presença de ansiedade e de depressão. Os camundongos expostos à
poluição se mostraram mais depressivos, mais ansiosos e com mais
dificuldade de aprendizado.

"Os resultados sugerem que a exposição prolongada ao ar poluído tem
efeitos negativos para o cérebro, o que pode levar a vários problemas
de saúde", explicou a autora do estudo, Laura Fonken. Para ela, essas
conclusões têm implicações importantes para pessoas que vivem e
trabalham em áreas urbanas poluídas.

De acordo com os pesquisadores, as evidências indicam que a poluição
pode interferir no surgimento de doenças neurodegenerativas, como o
Alzheimer, por exemplo.

Sistema nervoso

Os cérebros dos camundongos também foram avaliados. Nos neurônios dos
animais submetidos ao ar poluído foram encontradas alterações físicas
relevantes quando comparadas ao outro grupo. "A poluição aumenta o
estresse oxidativo de todas as células", explicou à Rede Nossa São
Paulo a psiquiatra Fernanda Piotto Fralonardo, da Faculdade de Medicina
do ABC.

"O neurônio é uma célula também e, a partir desse processo, ele tende a
ter menos conexões", analisou. Segundo a especialista, quanto mais
conexões as células cerebrais fazem, mais o indivíduo absorve
informações.

O coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica da Universidade de
São Paulo (USP), Paulo Saldiva, listou trabalhos que chegaram a
resultados semelhantes. Em um deles, sua equipe submeteu roedores à
fuligem paulistana e identificou um impacto significativo na memória.
"Está crescendo o número de estudos sobre esse impacto no sistema
nervoso", constatou.

O levantamento da Molecular Psychiatry mostra que os efeitos cerebrais
da poluição podem ter a ver também com mudanças no humor dos pacientes.
"A exposição a partículas poluidoras está relacionada à potencialização
da asma e de outras doenças cardiopulmonares. E a alta inflamação das
vias aéreas e a asma estão associadas ao humor negativo", informou o
estudo. -- http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/node/16681


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