Um incidente ocorrido na madrugada desta quinta-feira (11) em um dos
principais gasodutos da Bolívia reduziu pela metade o fornecimento de
gás ao Brasil.
Segundo o consórcio Transierra, responsável pelo gasoduto e do qual a
Petrobras faz parte, uma válvula de segurança foi manipulada obstruindo
totalmente o envio de gás. "Atualmente, desconhecemos a forma como se
efetuou essa manobra e se há danos. Já mobilizamos pessoal para tomar
as medidas necessárias", diz em nota o consórcio.
Ontem (10), uma explosão na área do gasoduto reduziu em cerca de 3
milhões de metros cúbicos diários o fornecimento de gás ao Brasil.
Apenas com esse corte, o prejuízo para os cofres bolivianos é orçado em
US$ 8 milhões diários. Segundo o consórcio, até a madrugada de hoje
(11), em razão das chamas, o acesso ao local para avaliação dos
possíveis danos ficou totalmente inviável.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, está reunido neste momento
com técnicos do ministério e integrantes da Petrobras para avaliar o
impacto do corte do fornecimento de gás ao país. Segundo a assessoria
do ministro, às 16h , Lobão concederá uma entrevista coletiva para
anunciar as medidas que o governo pretende tomar frente à redução do
abastecimento do produto.
Golpe cívil
Em entrevista concedida nesta quinta-feira em Brasília, o ministro da
Fazenda da Bolívia, Luis Alberto Arce, disse que o abastecimento de gás
deve ser normalizado no prazo de 15 dias. Arce não descartou, no
entanto, a possibilidade de opositores ao governo do presidente Evo
Morales terem sabotado o gasoduto. Segundo ele, há uma tentativa de
golpe civil no país conduzido por pequenos grupos que reivindicam,
entre outras coisas, a restituição do tributo pago sobre o gás e o
petróleo que era repassado para os governos dos departamentos locais.
Arce afirmou também que forças militares serão deslocadas para as áreas
produtoras de hidrocarbonetos. "Estamos militarizando não apenas os
pontos petrolíferos e de gás, mas também reforçando os locais
suscetíveis de atentados terroristas", informou.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil lamentou os
impasses ocorridos no país vizinho. "O governo brasileiro se solidariza
com o governo constitucional da Bolívia e espera que cessem
imediatamente as ações dos grupos que lançam mão da violência e da
intimidação", ressalta trecho do documento. (Erich Decat)
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