Estudo apontou a qualidade da internet rápida do País como a 38.ª entre
42 países
Renato Cruz
A banda larga brasileira tem crescido rapidamente, mas a qualidade do
serviço deixa muito a desejar. Um estudo feito pelas Universidades de
Oxford e de Oviedo, sob encomenda da Cisco, analisou a qualidade da
internet rápida em 42 países, e o Brasil ficou em 38º lugar, à frente
somente de Chipre, México, China e Índia. Em primeiro lugar, ficou o
Japão. A Cisco fabrica equipamentos de comunicação de dados.
"O Brasil está pior do que a gente gostaria", disse Pedro Ripper,
presidente da Cisco do Brasil. O estudo teve como base o resultado de
oito milhões de testes feitos pelo site Speedtest.net, que verifica a
qualidade das conexões de banda larga para consumidores. O índice de
qualidade de banda larga, criado para o estudo, leva em conta as
velocidades de download (recebimento de dados), upload (envio de dados)
e a latência (tempo que um pacote de dados leva da fonte ao seu
destino). O estudo não levou em conta o preço da banda larga e a
densidade de usuários.
O Brasil fez 13 pontos no índice, que vai de zero a 100. Segundo os
pesquisadores, o país precisa ter, no mínimo 35 pontos, para que seus
internautas possam fazer um uso adequado dos aplicativos que existem
hoje na internet, como vídeos do YouTube, bate-papo com vídeo e troca
de arquivos. "A qualidade média da banda larga brasileira está bem
aquém do necessário para a web atual", disse Ripper. Alguns países
desenvolvidos, como a Espanha, a Itália e o Reino Unido, também ficaram
abaixo dos 35 pontos.
Para novos aplicativos da internet, como vídeo em alta definição,
seriam necessários 75 pontos. Somente o Japão fez mais de 75 pontos.
"Por ser o único país com qualidade adequada, talvez as novas
aplicações venham de lá", acredita o presidente da Cisco. Os Estados
Unidos não ficaram muito bem, no 16º lugar. "A qualidade da internet é
um dos temas da campanha presidencial americana", apontou Ripper. Os
americanos vêem a qualidade do acesso à internet como um dos
pré-requisitos para continuarem liderando o mercado de tecnologia.
Se for levar em conta os chamados Brics, a Rússia foi a mais bem
posicionada, em 17º lugar, logo depois dos EUA. O Brasil ficou à frente
da Índia e da China. A surpresa da lista foram a boa colocação de
países do Leste Europeu, como Letônia (4º), Lituânia (7º) e Eslovênia
(10º).
A qualidade da banda larga depende da infra-estrutura das empresas.
Existem vários pontos da rede onde podem haver gargalos, como a rede
com tecnologia IP (sigla em inglês de protocolo da internet), a conexão
de sua rede com outras empresas de internet e suas conexões
internacionais. A maioria dos contratos de banda larga no Brasil
garante somente 10% da velocidade contratada, e existem momentos em que
o usuário não consegue nem isso.
Segundo Ripper, a melhora pode ser conseguida com clientes mais
educados e mais maduros e com informações mais transparentes por parte
dos provedores de serviço, o que pode ser conseguido por meio de
regulamentação. "Recentemente, a Ofcom (agência reguladora de
comunicações da Inglaterra) propôs uma lei para que os provedores de
internet publiquem de maneira padronizada as informações sobre o
acesso, como velocidade mínima, velocidade de pico, velocidade de
download e upload."
A mostra brasileira incluiu quase 20 mil usuários aleatórios. Pode
existir uma tendência de somente os internautas que acham a sua conexão
ruim acessarem o Speedtest.net. Isso, no entanto, não distorceria a
comparação internacional, porque serviria para todos os países.
Outro estudo apoiado pela Cisco, e conduzido pela consultoria IDC,
apontou que a base de assinantes da banda larga no Brasil chegou a
10,04 milhões em junho, um aumento de 48% sobre o mesmo período de
2007. "Isso mostra só o aumento da densidade, não dá uma foto completa
da situação da banda larga", disse Ripper. --
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080913/not_imp240978,0.php
--
Linux 2.6.26: Rotary Wombat
http://u-br.net
Nenhum comentário:
Postar um comentário