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Ainda na semana passada, manifestantes gregos tomaram as ruas para protestar. Eles estavam enviando uma mensagem ao governo grego: nada de cortes no orçamento. De certa forma, a decisão dos ministros das finanças durante o fim de semana enviou uma mensagem em resposta. Se os cortes não ocorrerem como prometido pelo governo grego, não haverá um novo pacote de socorro. Ontem, o congresso grego aprovou um pacote de austeridade. Resta saber se irá implantá-lo.
Chegou a hora da verdade. O governo grego está encurralado. Os manifestantes parecem representar a maioria dos eleitores gregos. Se o governo de fato fizer os cortes de gasto, ele provavelmente perderá a próxima eleição. Se ele se recusar a fazê-lo, pode não receber a próxima rodada de empréstimos.
Os políticos do norte da Europa podem estar blefando. Eles estão colocando em risco grandes bancos europeus detentores de títulos da dívida grega. Se a Grécia der o calote na sua dívida, os grandes bancos terão prejuízos substanciais. O mesmo ocorrerá com os bancos americanos, que venderam aos bancos europeus seguros contra calotes. Trata-se de um jogo político para ver quem é o covarde. O destino do euro está em jogo. Se o governo grego decidir sair da União Monetária Europeia e retornar à sua própria moeda, os governos de Portugal e Espanha também começarão a ver a luz no fim de seus respectivos túneis fiscais.
Governos sempre resistem à austeridade. Políticos compram votos com os gastos governamentais. Porém, como na Europa eles não controlam diretamente seus sistemas monetários domésticos, eles acabam tendo de recorrer ao endividamento e aos impostos para financiar seus gastos. Eles não podem pedir aos seus respectivos bancos centrais para darem ordens aos bancos para criarem moeda fiduciária e comprar títulos públicos. Isso deixa os governos à mercê dos investidores que compram títulos, os quais são notoriamente inclementes. Esses investidores podem vetar planos de políticos ao simplesmente se recusarem a continuar emprestando a juros baixos. Ao fazer isso, eles obrigam os políticos a pagarem juros mais altos. E os políticos odeiam isso. Se os juros subirem muito, isso pode causar uma recessão. Por isso, políticos preferem ocultar essa situação fazendo com que o banco central se torne o emprestador de última instância. Porém, o Banco Central europeu vem se recusando a jogar esse jogo.
A Grécia é agora a situação de teste. A Islândia ludibriou os bancos europeus e deu o calote na sua dívida externa. Até agora, isso fez com que a economia islandesa ressuscitasse, algo que a mídia não discute em detalhes. A Islândia se saiu melhor que a Irlanda, que se curvou à União Europeia e ao Banco Central Europeu.
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