quinta-feira, 2 de junho de 2011

O dia em que Palocci quase foi convocado

O dia em que Palocci quase foi convocado
Após oposição driblar governo e aprovar convocação do ministro,
presidente da Câmara suspendeu ato

01/06/2011 - 23h47 - Atualizado em 01/06/2011 - 23h47

A Gazeta

Deputados batem boca no Congresso sobre convocação do ex-ministro da
Casa Civil Palocci - Editoria: Política - Foto: Divulgação Sessão que
aprovou convocação de Palocci na Comissão de Agricultura foi tumultuada
e teve até bate-boca entre deputados Brasília

Em votação polêmica e que está sendo contestada pelos governistas, o
ministro Antonio Palocci (Casa Civil) foi convocado ontem para
explicar, na Comissão de Agricultura da Câmara, o aumento substancial
de seu patrimônio nos últimos quatro anos. Diante do recurso dos
governistas - que cochilaram na comissão -, o presidente da Câmara, o
petista Marco Maia, decidiu que o ato não poderá produzir efeitos até a
próxima terça-feira, quando anunciará se mantém ou revoga a convocação.

Apesar de minoritária, a oposição conseguiu surpreender os governistas
com uma ação regimental na Comissão de Agricultura, garantindo a
aprovação do requerimento em votação simbólica, sem dar margem à
votação nominal, na qual os aliados do governo venceriam. A alegação do
requerimento para que Palocci fale nesta comissão é que ele teria
prestado consultoria na área do agronegócio.

Muitos viram na atitude dos governistas presentes na Comissão de
Agricultura descuido e até mesmo corpo mole em tentar evitar, de forma
efusiva, a aprovação do requerimento. No momento em que o presidente da
comissão, Lira Maia (DEM), anunciou o início da votação do
requerimento, alguns levantaram as mãos, outros titubearam, como se não
tivessem compreendido.

Além disso, os governistas abriram mão de votar um outro requerimento
solicitando a votação nominal, e não simbólica. "Os governistas
cochilaram, não levantaram as mãos. Pelo menos 31 estavam presentes,
quantos levantaram as mãos? Se alguns se arrependeram ou não estavam
atentos, não inválida a votação. Não há ninguém que poderá contestar a
decisão", avisou o líder do DEM, ACM Neto, acrescentando que se o
presidente Marco Maia revogá-la na próxima terça-feira, irá ao Supremo
Tribunal Federal.

O líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira, disse que a convocação de
Palocci foi legítima: "A votação foi regimental e ele está convocado. O
presidente não tem poder (de revogá-la)."

Os governistas reagiram, argumentando que a decisão contra a convocação
foi expressa nos encaminhamentos, e sustentam que a maioria dos
deputados levantou as mãos. Justificaram que a decisão de retirar o
requerimento para votação nominal foi tomada por confiarem que Lira não
agiria de má-fé.

O ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, classificou como
"um golpe" o procedimento do DEM na Comissão de Agricultura para
aprovar a convocação de Palocci.

Bancada cobra explicações

Na bancada federal do Espírito Santo, predomina a opinião de que o
ministro Antonio Palocci deve ser convocado para prestar
esclarecimentos na Câmara sobre sua espantosa evolução patrimonial. A
GAZETA ouviu sete dos 13 integrantes da bancada, sendo seis de partidos
da base aliada, mais o deputado César Colnago (PSDB). Todos deram
declarações no sentido de que o ministro deve uma satisfação à
sociedade.

"O silêncio de Palocci é muito ruim. Ele precisa falar. Acabou expondo
todo o governo por sua causa. Sua evolução é fora do padrão. Ninguém
ganha isso com consultoria em tão pouco tempo", disse o deputado Lelo
Coimbra (PMDB). "Mesmo sendo da base, penso que ele tem que vir expor
como conseguiu esse crescimento. O que não dá é ficar nesse
esconde-esconde, deixando a dúvida. Esse ganho não é algo razoável no
Brasil", opinou o deputado Jorge Silva (PDT).

Segundo o deputado Carlos Manato (PDT), há muitos aliados do governo
ansiosos pela convocação. "Eu sou um deles. Ele tem que se explicar. Se
ele não se justifica, passa a ser suspeito. Quem não deve não teme",
afirma o pedetista.

Para o deputado Audifax Barcelos (PSB), o ministro precisa prestar
contas dos seus atos, como qualquer pessoa pública. "Quem faz a opção
pela vida pública tem que ter como base o princípio da transparência.
Senão é melhor sair da vida pública. Eu, no lugar dele, viria fazer os
esclarecimentos. Ele deve isso à sociedade."

Representando o Estado no Senado, Ricardo Ferraço (PMDB) diz que, na
próxima quarta-feira, a Comissão de Constituição e Justiça também deve
votar convocação de Palocci. "É uma excepcional oportunidade para o
Senado e para o próprio ministro esclarecer. O crescimento é muito
estranho, claro. Não há nada de normal nisso. Está muito acima de
qualquer linha média." (Vitor Vogas)

Oposição protesta com pizza "sabor Palocci"
Brasília

A oposição organizou um protesto bem-humorado ontem, no cafezinho do
plenário do Senado, a fim de chamar a atenção para a possibilidade de
que o recente escândalo envolvendo a evolução patrimonial do ministro
Antonio Palocci acabe em pizza.

O senador Cyro Miranda (PSDB) encomendou três pizzas para amenizar a
fome da oposição, que permanece há seis horas no plenário debatendo a
Medida Provisória 517, conhecida como MP Frankenstein. Os senadores
batizaram as pizzas de "Palocci", "Luiz Garçom" e 2


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