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Publicado em: 20/06/2011 - 16:02
Australiano afirma que redução de limite de velocidade nas estradas do
país evitaria quase cinco mortos por dia
Em visita ao Brasil, Eric Howard não vê sentido em sinalizar radar e
defende 30 km/h para ônibus em vias urbanas
ALENCAR IZIDORO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O motorista tem pressa. Quer sempre chegar mais rápido em casa, mesmo
se não tiver compromisso algum.
Só não imagina que até mesmo um aumento despretensioso de 100 km/h para
101 km/h na velocidade dos carros, para economizar segundos, já
significa que mais gente vai morrer e se ferir.
Pelas contas divulgadas pelo australiano Eric Howard, renomado
especialista mundial, essa inocente alta de 1 km/h no ritmo médio dos
veículos bastaria para elevar em 5% as mortes no trânsito.
É por isso que a redução dos limites de velocidade no Brasil é uma das
propostas imediatas de Howard para diminuir as vítimas na década da
segurança no trânsito instituída pela ONU (Organização das Nações
Unidas).
No país, mais de 35 mil morrem por ano em acidentes viários. É como se,
a cada dois dias, um Airbus caísse.
Nos cálculos do engenheiro, consultor do Banco Mundial em mais de uma
dezena de países, a simples redução de 10 km/h (de 100 km/h para 90
km/h) em trechos de estradas já pouparia 1.700 vidas/ano, quase cinco
por dia.
"É preciso desacelerar os carros", afirma Howard, que esteve na última
semana no "Fórum Volvo-OHL de Segurança no Trânsito", em Brasília,
dentre outros encontros com técnicos do país -inclusive da CET-SP
(Companhia de Engenharia de Tráfego).
Na capital paulista, os limites de velocidade de diversas avenidas já
foram reduzidos nos últimos meses (incluindo vias como Radial Leste e
Washington Luís).
Pelo discurso de Howard, ainda é muito pouco. Para ele, não deveria se
admitir, por exemplo, que ônibus rodassem a mais de 30 km/h nas
principais vias urbanas.
E os engarrafamentos numa cidade como São Paulo?
"Ir mais rápido só serve para chegar ao próximo ponto de
congestionamento mais depressa", diz Howard.
RADARES
O australiano se mostrou impressionado com um comportamento de
motoristas brasileiros: a redução da velocidade onde há radares e a
desobediência imediata assim que passa a fiscalização.
Para ele, "não faz sentido" sinalizar a presença do radar.
Diante dos riscos da velocidade excessiva, a Folha questiona: por que
os carros são vendidos permitindo mais de 200 km/h se a maioria dos
países não admite mais de 120 km/h? Para Howard, a indústria vende
aquilo que a sociedade pede.
O repórter viajou a convite do "Fórum Volvo-OHL de Segurança no
Trânsito" -- http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/node/16363
--
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