Invasores de terreno não foram avisados que agora são todos “classe média”
Informação do blog Educação à Brasileira, do jornal O Globo, por Demétrio Weber:
A menos de um quilômetro do Palácio do Planalto, numa área invadida nas imediações da garagem do Senado, 50 pessoas vivem em barracos de madeira e lona, sem saneamento nem água encanada, cercadas de lixo e ratos.
Os casebres contam apenas com dois banheiros coletivos, cada um com espaço para uma pessoa, usados principalmente pelas mulheres.
Como não há fossa, boa parte dos moradores prefere ir no mato. O banho, de tonel e caneca, é com água fria trazida de ministérios e estacionamentos próximos.
Na última terça-feira, a presidente Dilma Rousseff anunciou a ampliação do programa Brasil sem Miséria. Ela disse que o Brasil tem o desafio de encontrar a miséria ainda desconhecida pelo poder público, e pediu a ajuda de prefeitos e governadores para achar os pobres que “se escondem dos olhos” do governo.
A moradora Rosa Maria Albino dos Santos, de 36 anos, diz que está cadastrada no Bolsa Família e que deveria receber R$ 300 por mês. Segundo ela, porém, os repasses estão bloqueados. Mãe de quatro filhos, ela conta que o marido foi preso por tentativa de assalto. Além do dinheiro do Bolsa Família, Rosa trabalha como catadora de papel, papelão, plástico e metais, assim como os demais moradores da área. O serviço rende R$ 150 por mês, mas a quantia costuma cair nos meses de chuva.
Em tese, portanto, ela poderia ser classificada como miserável pelo critério de renda do governo, que considera extremamente pobre quem sobrevive com até R$ 70 por mês.
- Tem dois meses que cortaram a minha bolsa – diz Rosa.
(…)
Em 2011, no ano do lançamento do Brasil sem Miséria, o governo do DF incluiu os moradores no Cadastro Único, a porta de entrada para o Bolsa Família. Os benefícios, porém, só teriam começado a ser pagos no fim do ano passado e, em seguida, teriam sido bloqueados.
O terreno fica junto a uma rua próxima dos prédios anexos da Esplanada dos Ministérios. É comum que motoristas levem comida e doem colchões e roupas. Uma delas é a oficial de Justiça aposentada Haidecilda de Souza Neves, de 57 anos. Ela levou duas camisetas hoje, e contou que costuma dar comida aos moradores.
- É falta de amor e consideração dos governantes. O lixo ao lado do luxo. Crianças nascendo aqui, no meio deste lixo todo, atrás do poder. Não posso com isso – disse Haidecilda.
Confiram a íntegra do texto aqui.
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