sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Mais estratégias de manipulação

Mais estratégias de manipulação

"A maioria da publicidade dirigida ao grande público usa discurso,
argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas
vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse criança ou
deficiente mental"

Márcia Denser*

Mais estratégias e técnicas usadas pelas elites para a manipulação da
opinião pública e da sociedade, sempre segundo Noam Chomsky:

A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO
Outra maneira de impor uma decisão impopular é apresentá-la como
"dolorosa e necessária", obtendo a aceitação pública para aplicação
futura. Naturalmente é mais fácil aceitar um sacrifício futuro, até
porque o esforço não é feito imediatamente. Depois, porque o público
tende a esperar ingenuamente que "tudo vai melhorar amanhã" e que o
sacrifício exigido poderá ser evitado. Enfim, isto dá tempo ao público
para acostumar-se com a mudança e aceitá-la com resignação quando
chegar a hora;

DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS
A maioria da publicidade dirigida ao grande público usa discurso,
argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas
vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse criança ou
deficiente mental. Quanto mais se pretende enganar o espectador, mais
se tende a adotar um tom idiotizante. Por quê? Em razão da
sugestionabilidade, este tenderá a dar uma resposta ou apresentar uma
reação desprovida de sentido critico;

USAR O ASPECTO EMOCIONAL MAIS DO QUE A REFLEXÃO
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um
curto-circuito na análise racional, e por fim ao sentido crítico dos
indivíduos. Além do mais, o uso do registro emocional permite abrir o
acesso ao inconsciente para implantar ideias, desejos, medos e temores,
compulsões, ou induzir comportamentos.

MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE
Fazer como que se o público seja incapaz de compreender as tecnologias
e os métodos utilizados para seu controle e sua servidão. A qualidade
da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e
medíocre o possível, de forma que a distância entre classes inferiores
e superiores permaneça a maior possível.

CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS
Nos últimos 50 anos, os avanços da tecnociência geraram uma enorme
defasagem entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e
usados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à
psicologia aplicada, o "sistema" detém um conhecimento avançado do ser
humano, isto é, pode conhecer melhor o individuo comum do que ele
mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, que o sistema exerce
um controle maior sobre os indivíduos.

REFORÇAR A REVOLTA PELA CULPABILIDADE
Fazer o indivíduo acreditar que ele é o único culpado pela própria
desgraça devido à limitação da sua inteligência, capacidades ou
esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o
indivíduo culpa a si mesmo, gerando um estado depressivo cujo efeito
imediato é a inibição da ação. E sem ação, não há revolução!

*A escritora paulistana Márcia Denser publicou, entre outros, Tango
Fantasma (1977), O Animal dos Motéis (1981), Exercícios para o pecado
(1984), Diana caçadora (1986), A Ponte das Estrelas (1990), Toda Prosa
(2002 - Esgotado), Diana Caçadora/Tango Fantasma (2003,Ateliê
Editorial, reedição), Caim (Record, 2006), Toda Prosa II - Obra
Escolhida (Record, 2008). É traduzida na Holanda, Bulgária, Hungria,
Estados Unidos, Alemanha, Suiça, Argentina e Espanha (catalão e
galaico-português). Dois de seus contos - O Vampiro da Alameda
Casabranca e Hell's Angel - foram incluídos nos 100 Melhores Contos
Brasileiros do Século, sendo que Hell's Angel está também entre os 100
Melhores Contos Eróticos Universais. Mestre em Comunicação e Semiótica
pela PUCSP, é pesquisadora de literatura, jornalista e curadora de
Literatura da Biblioteca Sérgio Milliet em São Paulo. --
http://congressoemfoco.ig.com.br/coluna.asp?cod_publicacao=31204&cod_canal=14


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