quarta-feira, 29 de julho de 2009

Os tais dos fretados

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Seguinte: a circulação de ônibus fretados em São Paulo carecia de normatização e organização. Eu coloquei isso como um dos itens do meu programa de governo na campanha para a prefeitura.

Embora seja transporte coletivo, é privado. Não é qualquer um que pode usufruir de seus serviços. Por ser coletivo, é muito interessante para a cidade, mas não deixa de ser um negócio. E todo negócio precisa de regras que preservem a coletividade.

Imaginem se não houvesse limite algum para a oferta e circulação de fretados. Que, por ser um bom negócio, muito atraente para determinada clientela (que, com muita razão, não quer sair de carro todo dia e também não é atendido com tanto conforto pelo transporte público), poderia se expandir ao infinito. E aí a Paulista, por exemplo, viraria um inferno maior do que já é. Não por culpa dos ônibus, mas com a participação deles.

Então é razoável estabelecer que os fretados não podem parar em qualquer lugar para pegar e deixar passageiros; que não podem fazer ponto inicial e final onde bem entenderem, ocupando muitas vagas de estacionamento na via pública e congestionando as calçadas; que as empresas não podem simplesmente criar linhas novas sem combinar com ninguém antes. Sem verificar onde a circulação já está saturada, sem pedir autorização para fazer seus "terminais".

Não vale dizer que "o governo não me dá boas alternativas de transporte público, então não tem direito de vir mexer com o meu fretado". Se fosse assim, também não poderia mexer com os perueiros clandestinos... E eu, de esquerda que sou, defendo o papel do Estado como mediador, regulamentador, controlador inclusive. Não se pode deixar a livre iniciativa brigar pelo espaço público (no caso, o uso das vias) sem intervir.

Mas isso não significa inviabilizar a atividade, criando tantas restrições que ela deixa de ser interessante... Ou imaginar restrições que, ao aliviar um lado, sobrecarregam outro. E ao que tudo indica as normas inicialmente previstas pela prefeitura resultadiam nas duas coisas. Alguns pontos de transferência previstos, por exemplo, não tem condições de suportar o movimento de ônibus e pessoas. E os gargalos na conexão do transprote privado com o público também não podem ser ignorados.

Enfim, ao menos o tema está sendo estudado, mudanças vão sendo feitas. Pena que as coisas acabam acontecendo assim, com muito estresse, angústia, desgaste. Mas discordo de uma manchete de jornal: onde disseram "prefeitura recua e muda regras para fretados", depois de uma primeira rodada de negociações, deveria ter dito "prefeitura avança e muda regras". Porque reconhecer erros e procurar corrigi-los é uma das melhores coisas que se podem esperar da administração (melhor que isso, só deixar de cometê-los, mas isso sempre é difícil...). Ao chamar toda mudança de "recuo", a mídia acaba "estimulando" as autoridades a não arredar pé do que haviam decidido, para não parecerem maleáveis demais a pressões. Eu não deixo de fazer alguma coisa apenas porque vão dizer que eu "recuei", mas pode ser bem chato passar por fraco quando você foi aberto e sensato.

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