terça-feira, 28 de julho de 2009

O custo-automóvel

URL: http://gabinetesoninha.blogspot.com/2009/07/o-custo-automovel.html


Discussão interessante no Bom Dia Brasil sobre o custo de estacionamentos nas regiões centrais de São Paulo (São Paulo tem vários centros... O centro antigo, a Paulista, a Berrini...)."É uma das cidades com os estacionamentos mais caros do mundo".

A reportagem mostrou um homem parando em lugar proibido. Outro, em vaga exclusiva para deficiente. A desculpa: a pressa, claro, e o custo da hora do estacionamento. "Vou pagar por uma hora, quando só preciso ficar cinco minutos?".

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De fato, já me irritei muito com a falta de fracionamento - ou tolerância. Se você fica uma hora e cinco minutos, paga por duas horas... Já passei por isso no estacionamento do HC.

Mas hoje em dia já não reclamo do custo do estacionamento em si. É o preço por andar de carro... Não tem lugar para todo mundo, aí a tal lei da oferta e procura torna a mercadoria escassa (espaço!) mais cara. Outro dia saí de carro, fui visitar uma amiga na Pró Matre e nem hesitei, paguei oito reais e pronto. Quando vou à Secretaria de Subprefeituras, deixo a moto no estacionamento em frente e dou graças aos céus por ele existir (muitos não aceitam motos, é um saco).

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Um estacionamento mensal custa "quase o mesmo que um condomínio", reclamou uma motorista (R$140,00). Na verdade os condomínios custam muito mais do que isso, e as pessoas nem imaginam o quanto uma vaga em garagem encarece o preço de um apartamento (até R$35 mil reais, segundo um especialista com quem estudei durante a última campanha).

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A reportagem mostrou o preço (alto) dos estacionamentos em outras capitais (Porto Alegre, Belo Horizonte), e o comentário inevitável foi feito: "Enquanto isso, não se investe em transporte público". Quase um mantra.

Mas Renato Machado reagiu: "Em algumas cidades do mundo, os carros sequer podem entrar no centro da cidade... Porque realmente não há espaço para todo mundo". A colega dele insistiu: "Mas é preciso melhorar a qualidade do transporte público".

É ÓBVIO que precisa. Mas...

Todo mundo só quer saber de metrô (eu também, não tem nada mais previsível), mas metrô é demoradíssimo para fazer, caríssimo e causa um transtorno monstro enquanto é feito. Então, se ficar todo mundo dizendo "só largo meu carro quando tiver mais metrô", estamos roubados.

E nunca vai haver metrô porta-a-porta... Quem quiser usar metrô, tem de estar disposto a caminhar um pouco, pegar um ônibus ou táxi (ou bicicleta) para complementar o trajeto - ou deixar seu carro próximo à estação (e aí temos mesmo problemas estruturais, porque ainda são poucos os estacionamentos integrados ao metrô).

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De todo modo, o que me irrita é dizerem que, "porque o transporte coletivo é ruim, é lotado e demorado, sou obrigado a usar meu carro". Isso é verdade para muitos trajetos, horários e regiões da cidade, mas NÃO PARA O CENTRO! Ir de transporte coletivo ao centro é mais rápido do que de carro, e há muitas alternativas. E esse negócio de dizer que "os ônibus estão sempre lotados" não resiste a uma espiadinha pela janela. A minha empregada, que mora a 30 km daqui e vem e vai no horário de pico, pode dizer que "o ônibus tá sempre lotado", porque o dela ESTÁ. (O certo era ter lugar mais central para esse povo todo do M'Boi Mirim morar...Nunca vai haver transporte que chegue). Mas fora do pico, os ônibus circulam quase vazios. Repare!

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O que não quer dizer que o sistema de ônibus é bom, claro que não. Ainda faltam informações (e conforto) nos pontos de ônibus, há corredores com veículos em excesso e rotas com carências,etc. Mas também vi uma pesquisa mostrando que os ônibus são melhores exatamente onde há mais automóveis... Ou seja, quem tem mais motivo para dizer "ônibus é ruim" é quem não tem carro e mora nas periferias; o pessoal da região central não pode reclamar tanto assim.

Mas não adianta, o coletivo implica em uma mudança de hábitos - como eu disse, andar até o ponto, esperar, dividir o espaço com estranhos, andar mais um pouco depois de descer do ônibus... E tem muita gente que prefere ficar parada horas no congestionamento do que fazer essa mudança.

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Eu sei, eu sei, precisamos melhorar as calçadas também.

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Ainda no BDia, depois de uma reportagem sobre veículos elétricos no Japão, o Renato Machado fez um comentário em tom aparentemente irônico - "Miriam, enquanto estamos aqui discutindo o que é bom para o verde..." - a Miriam Leitão interrompeu: "Não, o que é bom para nossa sobrevivência!". Na verdade, ele só queria fazer um gancho para mais uma reportagem da série sobre o desmatamento da Amazônia. Daquelas que deixam a gente com ódio no sofá.

Até um tempo atrás, eu não sabia do engajamento da Miriam com questões ambientais, mas ela e o marido tem uma RPPN - Reserva Particular de Proteção Natural ("área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica no Brasil. A criação de uma RPPN é um ato voluntário do proprietário de uma área, que decide transformar toda ou parte desta em uma RPPN, sem que isso ocasione a perda do direito de propriedade" - veja mais aqui). E esse não é o único envolvimento deles com o tema, que, como jornalistas, volta e meia pautam essas questões. Muito bom.

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Os patrocinadores da série de reportagens são a Natura, que tem um trabalho muito interessante de exploração comercial da floresta "em pé", e o Bradesco - que, soube ontem, investe muito na conservação de unidades de preservação na Amazônia.
Continuo achando absurdas as filas nas agências, mas não posso deixar de registrar ação tão positiva... (Sem falar em outras, como a escola na Cidade de Deus, em Osasco, e a disposição deles em comprar e doar um triturador para destruirmos caixotes e restos de poda na Leopoldina :o))).

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Dando um Google atrás do nome "Cidade de Deus" (usei as palavras Bradesco e Osasco), encontrei o seguinte comentário postado:

"Nós, fundadores do Partido dos Defensores da Ecologia - PDECO - vimos por meio de este esclarecer aos Srs. o quanto segue:
O Partido dos Defensores da Ecologia está em fase de sua implantação em nível Nacional. Estamos em cumprimento, neste momento, em atendimento as Resoluções expedidas pelo TSE - Tribunal Superior Eleitoral. A primeira etapa já foi cumprida, isto é, em data de 12 de maio de 2009, perante o Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Naturais e Jurídicas - Registro de Títulos e Documentos (...). Contudo, para que possamos dar continuidade nesse procedimento, se faz necessário o atendimento de determinados quesitos e dentre esses a formação de Comissões Provisórias Regionais, no mínimo, em 09 (nove) Estados da Federação. Assim sendo, estamos solicitando perante os segmentos da nossa sociedade e da comunidade nacional a participação e apoio em torno desta causa: Defensores da Ecologia. Além da participação Política partidária, essa questão reveste-se de um significado importante para toda a nossa humanidade (...).
Essa mobilização está sendo gigantesca, (...) razão pela qual estamos convidando essa empresa a juntar-se a nós nessa parceria, para que juntos possamos unir todos os defensores da ecologia em torno de uma política séria. (...)
Contamos com a participação efetiva dos Srs., para que esses objetivos sejam alcançados.
Cordialmente.
Walter Bonetti
Presidente da Comissão Provisória Nacional.
Sede: Rua Antonio de Godoy, 20 – 2ºand. – cj.22 – SP/SP – CEP: 01034-000
Fones: (11) 3478-0311 – E-mail: pdecologia@hotmail.com"


Ainda não tinha ouvido falar.

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No intervalo do jornal, propaganda do governo do estado (ou da Sabesp, não tenho certeza) sobre investimentos ambientais na área das represas. De fato, esse é um ponto em que eu pago um pau (*ai*) para o atual governo. O Serra resolveu mexer em um problema complexo e gigantesco, cultivado há décadas e dificílimo de resolver - a ocupação de encostas, margens e mananciais. Estado, Sabesp e prefeitura estão investindo volumes substanciais de recursos para reflorestar as encostas da Serra do Mar e recuperar as margens e águas das principais represas da capital. Aliás, quando eu soube que o Xico Graziano seria o Secretário do Meio Ambiente, fiquei muito mal humorada - algumas colunas dele no Estadão me irritavam profundamente pelo sarcasmo com que ele tratava algumas bandeiras ambientais. Mas essa é uma área em que o governo tem mostrado ações corajosas, como o fechamento de lixões (que algumas prefeituras ousavam chamar de "aterros sanitários") e o aperto nas Usinas de cana para que reduzam o prazo para eliminar as queimadas. Assim como o Obina no Palmeiras, me fez morder a língua :o)

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