sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Angola vota pela primeira vez desde a guerra civil

Angola vota pela primeira vez desde a guerra civil

O país teve eleições anteriores em 1992, numa trégua da guerra civil de
1975 a 2002. Para a votação de hoje, a Unita, de oposição, denuncia um
clima de ameaça e violência, com quatro mortos, o que foi negado pelo
presidente Eduardo dos Santos. A eleição presidencial está marcada para
2009

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05/09/2008 00:56
Outdoor com a efígie do presidente José Eduardo dos Santos: partido
oficial deve ganhar a votação (Foto: FRANCISCO LEONG/AFP) Clique para
ampliar foto Outdoor com a efígie do presidente José Eduardo dos
Santos: partido oficial deve ganhar a votação (Foto: FRANCISCO
LEONG/AFP)

Os angolanos vão às urnas hoje para votar em eleições legislativas pela
primeira vez desde o fim da guerra civil de 1975 a 2002, após uma
campanha dominada pelo partido do presidente José Eduardo dos Santos, o
Movimento Popular de Liberação de Angola (MPLA). Cerca de oito milhões
de votantes devem eleger para a Assembléia Nacional 220 deputados dos
14 partidos e coalizões políticas.

Além do MPLA, no poder desde a independência da ex-colônia portuguesa
em 1975, concorre também o ex-grupo guerrilheiro que combateu os
portugueses e depois foi adversário do governo na guerra civil, a União
Nacional para a Independência Total de Angola (Unita). As eleições
anteriores no país foram em 1992, graças a uma trégua no devastador
conflito interno gerado pela independência.

Mas o líder da Unita, Jonas Savimbi, se recusou a aceitar os resultados
da eleição presidencial que o davam como perdedor e retomou as armas. O
conflito acabou somente quando ele morreu há seis anos.

"Queremos que as eleições sejam pacíficas e que as pessoas esqueçam o
que aconteceu em 1992", declarou Carlos Morgado, um representante da
Unita para a província de Luanda. No entanto, a oposição evoca um
"clima de ameaça, intimidação e violência", contra seus partidários,
que deixou, segundo a Unita, quatro mortos em suas filas.

A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW),
com sede em Nova York, expressou suas "dúvidas sobre a realização de
eleições livres e justas em Angola". O presidente Eduardo dos Santos
negou essas acusações: "Alguns partidos têm dificuldades para
transmitir suas mensagens e, por isso, falam de intolerância e de má
vontade", afirmou.

As eleições serão uma prova de popularidade para o chefe do Estado
angolano, antes da votação presidencial de 2009. O presidente, em geral
muito discreto, vem multiplicando há um mês as inaugurações de
instalações públicas como hidrelétrica, hospital e escolas, insistindo
no processo realizado em termos de reconstrução.

Angola, que dispõe de reservas de petróleo enormes, vem se beneficiando
da alta dos preços do óleo cru. Além disso, deve registrar crescimento
econômico de mais de 20% em 2008. Com cerca de dois milhões de barris
por dia, a Angola disputa com a Nigéria o primeiro lugar como produtor
de petróleo do continente. (das agências de notícias)


MAQUIAVEL MODERNO

José Eduardo dos Santos é uma personalidade enigmática dotada de grande
perspicácia política, que transformou a presidência em uma instituição
onipresente. Esse marxista pragmático, que abriu a ex-colônia
portuguesa à economia de mercado para facilitar a reconstrução de um
país esfacelado por 27 anos de guerra civil, fez um apelo a seus
compatriotas para que participem maciçamente das primeiras eleições
legislativas em tempos de paz. O presidente angolano ganhou nesses anos
de luta uma misteriosa postura no poder. De olhar plácido, limita suas
aparições públicas, viaja pouco e poucas vezes concede uma entrevista.
Engenheiro formado na União Soviética, é um mestre do jogo político.


E-Mais

Todo dia, milhões de petrodólares entram nos caixas do Estado angolano
e desembocam principalmente na reconstrução do país, embora a imensa
pobreza e a falta de transparência das contas públicas alimentem as
suspeitas de corrupção. Angola produz cerca de dois milhões de barris
por dia e, com o preço atual da commodity (mais de US$ 110 o barril), é
evidente que o governo vem tendo rendas enormes", comentou Lopes Raul,
economista em Luanda. De 1997 e 2001, US$ 1,7 bilhão desapareceram dos
cofres públicos de Angola, segundo a associação britânica Global
Witness. Segundo a Transparência Internacional, Angola faz parte dos
países tidos como os mais corruptos do mundo, em 147º lugar numa lista
de 179 nações. --
http://www.opovo.com.br/opovo/internacional/817230.html


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