segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A “repressão” policial na USP: Um tratado sobre a violência

URL: http://www.implicante.org/artigos/a-repressao-policial-na-usp-um-tratado-sobre-a-violencia/


por Flavio Morgenstern

A PM autuou ontem em flagrante 3 (três) alunos da USP no estacionamento da FFLCH, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (os cursos de extrema-esquerda). Os 3 fumavam maconha dentro de um carro. A PM recebeu uma denúncia à tarde e identificou os 3 estudantes pela placa do carro. Os estudantes do prédio de Geografia e História não gostaram e tentaram impedir esse ato nitidamente reacionário, fascista, autoritário etc etc. Começou o arranca-Habermas.

Prepare o leitor o estômago, pois é preciso apresentar uma foto horrenda. Respire fundo e olhe bem para a foto abaixo, tirada na quinta-feira. A fonte é do perfil no Facebook de um tal “Núcleo De Consciência Negra” (na minha terra de Thomas Sowell, negros não precisam de um núcleo alimentado por impostos para terem consciência). O álbum se chama Repressão Policial na USP – 27/10/2011, portanto é bom ter nervos de aço para ver imagens chocantes da brutalidade da violentíssima Polícia Militar de São Paulo, com sangue e espancamento de inocentes:

Sobreviveram? Pois então, aí está uma imagem da brutal repressão policial. Uma policial baixinha conversa com as mãos para trás com uma senhora mais alta do que ela, placidamente acompanhando a tarde tropical. Outro PM cruza os braços, outro olha para a câmera. O terceiro foi flagrado ajeitando as calças, o quarto pratica aquele estratagema conhecido pela metade masculina da população mundial de coçar o saco sem o uso das mãos, com apoio do corpo apontado para trás e encaixando as nozes na bissetriz do ângulo formado pelas pernas. Não me culpem por não avisar que a cena seria de violência explícita.

Segue-se outro flagrante nítido de repressão:

Aqui o close é marcado com “Armas Menos Letais”. Enquanto isso, vejamos como os alunos da USP estavam pacificamente cantando sobre o amor, que fora trazido por um beija-flor, que posteriormente foi, foi embora:

Sentiu a diferença? Parece que houve “repressão” e “violência”. Os que se julgam agredidos postaram fotos no Facebook da agressão (aquela ali, da PM baixinha com as mãos nas costas). Eles falaram que rolou até bomba de efeito moral (falta na FFLCH uma bomba de efeito moral que faça os alunos começarem a discutir Kierkegaard e São Tomás de Aquino nos corredores).

O policial mais agressivo da foto (ou seja, aquele que não está se defendendo de um CAVELETE que lhe jogaram contra a cabeça!) está protegendo sua arma segurando o alto do coldre – técnica que qualquer pessoa que conheça as benesses da civilização, como armas, especulação financeira a pornografia russa (não existia antes da Perestroika) sabe que é usada para proteger a arma de ser roubada (e ainda deixa 50% do seu corpo desprotegido, exigindo cobertura, por sinal mal dada nessa foto). Se era pra saber quem atacou primeiro, vemos policiais calmos e na defensiva em um vídeo no G1, que só dão umas cassetadas no ar a esmo depois de serem agredidos com um cavalete. Alguém aí “refuta” um vídeo?

É contra isso que os alunos da USP estão lutando – é isso que é “repressão”. As fotos chocantes da “violência policial” não incluem sequer um policial apontando um dedo na cara de um aluno, outro, sei lá, olhando feio e causando profundos traumas à psiquê de estudantes maiores de idade, já com barbas hirsutas, vacinados e capazes de dirigir e votar.

Saldo final, conforme relata a Veja On Line (já sei, é da Veja, então é mentira, blá blá blá):

Três PMs ficaram feridos no confronto e foram para o hospital, dois deles tiveram ferimentos na cabeça, provocados por pedras jogadas pelos estudantes. Cinco viaturas da corporação e uma da guarda civil foram depredadas pelos manifestantes. O cinegrafista da TV Bandeirantes, Milton Lara Carvalho, foi agredido e ficou ferido no rosto. Ele teve a moto derrubada e câmera danificada. “Estava filmando quando um dos estudantes me deu um tapa na cara”, contou Carvalho, que vai registrar boletim de ocorrência da agressão

(…)

Com um acurado senso de oportunidade, políticos do PT correram para a USP assim que souberam da ocorrência. Um dos primeiros a chegar ao local e, depois, a acompanhar os estudantes na delegacia, foi o deputado federal Paulo Teixeira. Para ele, o episódio “foi um exagero de ambas as partes”.

“O uso de drogas na faculdade faz parte de um ritual de passagem", disse à reportagem o deputado do PT. “A presença da PM junto aos estudantes é uma química que não dá certo e gerou esse problema hoje.”

É essa a PM “fascista” que os alunos (porque matriculados; “estudantes” exigiria comprovação da atividade) têm medo de ver no campus. Como informante oficial da FFLCH aqui no Implicante™ (e que tem mais o que fazer do que fumar bagulho pra “rito de passagem”), tento sempre me compadecer. ver os dois lados, ler o que a mídia corporativista burguesa não divulga. Mas vocês só mostram a “repressão policial” com um monte de PMs com as mãos nas costas e conversando? Assim não tem nem “outro lado”, galera. Sério.

Pseudo-Fascistas x Socialistas puro-sangue

O Brasil tem um histórico de ditadura militar, e portanto qualquer homem (ser humano) fardado é visto como agressor de um inocente. Mesmo com as mãos nas costas. Assim, fica até estranho tentar dizer que um homem sem peito de aço que vista uma farda da PM nem sempre é, afinal, um monstro facínora. Aliás, ele pode até ser uma vítima. Como os policiais que foram parar no hospital. Sei que é incrível, difícil de acreditar. Mas acontece. A farda não lhe torna um monstro sedento por sangue. O nome disso é vampirismo (ou socialismo que come criancinhas). Farda da PM é outra coisa.

Quando afirmado que os policiais foram as vítimas nesse confronto, vozes indignadas, dorso da mão à cintura e pézinho a fustigar violentamente o assoalho, afirmaram que até bombas jogaram contra os estudantes. “Até bombas”?! Vamos supor que alunos críticos da maior Universidade do país sejam, digamos, críticos. O que é uma bomba de efeito moral? Uma perigosíssima bomba que não machuca ninguém. Sempre que você ouvir falar que “a PM usou bombas de efeito moral”, tenha a suposta “capacidade crítica” de entender que a PM foi agredida, e usou um dispositivo de defesa para dispersar seus agressores. Não há nem meio estudante “ferido com uma bomba de efeito moral”. O Exército americano não usa tais bombas para tentar dominar o Iraque e o Afeganistão. Os traficantes no morro também não as usam em defesa da polícia. Mas as pessoas que adoram criticar “a mídia” e pedem “leituras conscientes”, algumas financiadas pelo tal “Núcleo de Consciência Negra”, não conseguem perceber o óbvio.

Mas acusam a PM de “fascista” o tempo todo. É um vocábulo ridículo, usado ao deus-dará justamente por estudantes da Faculdade que abriga os cursos de Filosofia, História e Letras, que deveriam ter um pingo de responsabilidade com a linguagem. Em compensação, defendem abertamente um sistema bem pior do que o fascismo: o socialismo. Aquela coisa de Marx, de Lênin, de Trotsky, dos 150 milhões de mortos na Gulag (que faz o Julgamento de Nuremberg do Holocausto nazista parecer um Tribunal de pequenas causas). Pode parecer papo de Guerra Fria, mas a Universidadepúblicagratuitaedequalidade, que é crítica e “produz conhecimento”, não produziu nada de novo em matéria de Ciência Política desde 1968. Não à toa que é fácil se divertir jogando DCE Bingo nas “assembléias” do DCE e derivados, anotando os pontos em cartelas como essa:

Se a PM fosse fascista (e não é), ainda assim seria entidade de uma ideologia responsável por menos mortes do que a defendida por alunos da USP. Se a polícia com as mãos nas costas é “repressão”, alerto que sou abordado mais violentamente pelos comunistas da faculdade distribuindo panfleto ilegal de partido. O método deles é ficar de tocaia na porta do prédio, impedindo sua passagem sem ser abordado por alguém em flagrante falta de banho com um panfleto ou pasquim, tornando a entrada do prédio um verdadeiro Lasciate ogne speranza, voi ch’entrate do pensamento independente.

Seu sistema, então, é muito pior e mais violento do que o tal “fascismo”. Eles querem te empurrar escritorezinhos de quinta categoria como Foucault e Marx goela abaixo. Soa exagero? Pois tente-se refutar uma foto. Aqui, uma já famosa foto na Folha mostra um aluno da USP tentando agredir um PM com LIVRO DE KARL MARX (é sério): 

Vide o que afirmou o próprio Geraldo Alckmin na Folha de S. Paulo:

“Ninguém tolera nenhum excesso. Agora, não tem nenhum estudante ferido e nós tivemos policial ferido e várias viaturas danificadas. A lei é para todos, ninguém está acima da lei.”

Repressão? Com bombas de efeito moral?

Quando a intelligentsia esquerdista ficou de queixo caído ao descobrir que o Muro de Berlim caiu e nem todo mundo que trabalha e tem louça pra lavar acredita em revolução marxista (ainda mais depois de ter lido, sei lá, O Livro Negro do Comunismo, só pra começar), pérolas de sabedoria como as que se seguem foram engastadas lá no tal “Núcleo De Consciência Negra” do Facebook:

  •  Estamos tod@s fazendo coro com a multidão cantando “Abaixo a Repressão!”
  •  força irmaos contra esses reaças!
  •  reage USP!!!
  • E se eu mato um policial filho da puta desses, eu vou pra cadeia. Just wrong.
  • FORA PM
  • fizeram isso aki em pvh-RO tbm com estudantes, fora policia pelega, #forajanúario
  • A polícia só existe pra manter você na lei
    Lei do silêncio, lei do mais fraco
    Ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco
  • pq merda a pm tava la, caralho??? filhos da puta!
  • FORA PM DO MUNDO!!!!!!!!! militares golpistas!!!!!!!!!!! fora da USP!!! Marcha da Maconha Coletivo Desentorpecendo A Razão!!! legalize os entorpecentes! cada um é dono do próprio corpo!!!!!
  • os PM prenderam 3 estudantes pois eles estavam consumindo uma droga recreativa como qualquer outra alcool, cigarro o caralho a 45!! sua annnnnnnnntaaaaaaa!
  • tem que fazer um FUMAÇO NA USP!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Isso aí são “estudantes” da USP, minha gente. Fica difícil defender que maconha não faça mal pro cérebro depois disso.

Mas as mensagens futucam o ponto nevrálgico da discussão: os mauricinhos descolados armaram a quizumba por um motivo: drogas. No dia 19 de junho deste ano, o estudante Felipe Ramos de Paiva, de 24 anos, foi morto num assalto dentro do campus Cidade Universitária, da USP, depois de uma onda de seqüestros-relâmpagos. Na ocasião, membros do MBM, o Movimento Bolchevique Mauricinho, não distribuíram panfletos na entrada do prédio, mas pelos corredores. Exigiam polícia? Pelo contrário. Como mostrei aqui no Implicante, sua preocupação na época foi a Marcha da Maconha.

Foi depois da morte do estudante que discutiu-se o que menos se quer na USP: mais polícia no campus. Por que diabos alguém teria medo de polícia? Os seqüestros-relâmpagos da USP chegaram a vitimar (ironia do Destino, a única força cósmica do Universo com senso de humor?) até mesmo membros do Núcleo do Estudo da Violência da USP, que mais produz artigos defendendo bazófias como “a violência é fruto da desigualdade social”, e a polícia atrapalha a sua diminuição. Os alunos foram salvos pela ROTA. Argumenta (risos) José Calixto, um aguerrido defensor do “Fumaço USP” (não dá pra colocar sic em cada ponto que merece):

1 – o que impede a distribuição de panfletos na usp é o regimento disciplinar interno votado durante a ditadura militar. 2 – a universidade não deve ter a presença de forças repressõras pois, muitas vezes na história a universidade produziu conhecimento que ia contra as leis, desde galileu etc… logo ter repressão na universidade é reprimir o pensamento. 3- a legalização das drogas é pauta dos estudantes da usp em geral conforme apontado no seu ultimo congresso se não me engano!

Usar prédios públicos para fazer campanha partidária é crime eleitoral – e algo me diz que a jurisdição federal conta mais do que um regimento interno, que mesmo na ditadura militar, deixou a Universidade quietinha.

Mas como assim, o problema da PM no campus é que desde Galileu ”ter repressão é reprimir o pensamento” (HUEAHUEHAE)? Alguém aí acha mesmo que a PM está preocupada em impedir que estudantes leiam Foucault, Gramsci, Žižek e ouçam Planet Hemp e Pavilhão 9? Alguém tem medo de descobrir a cura do câncer e uma PM baixinha com as mãos nas costas quebre tudo, só porque é repressora?

Caros estudantes (risos) da USP, se vocês acham que PM é repressão, experimentem gritar “Karl Marx já foi refutado, viva o capitalismo!” no campus. Tentem dizer para seus professores marxistas que Böhm-Bawerk refutou O Capital inteiro antes mesmo que Marx escrevesse o último livro, se querem saber o que é “repressão que reprime” o pensamento livre. Tentem dizer para seus professores que Baudrillard, que foi fã de Adorno e Marx a vida inteira, escreveu um livro chamado simplesmente Esquecer Foucault (Oublier Foucault), e que eles talvez devessem, como fãs de Foucault, ler o livrinho de menos de 100 páginas, ao invés de ver seus apaniguados discípulos tentando esfregar Foucault na cara de policiais. Se você diz que luta por “pensamento livre” e acha que a polícia é que o impede, pense se seu professor já te passou algum autor de quem ele discorde e me diga quem é perigoso pra educação. Aprendam, adolescentezinhos hirsutos.

O problema mais sério é que, com PM por perto, fica mais difícil praticar o sensacional ato revolucionário de… fumar baseado. Alguém, por toda a Humanidade, pelamordedeus me explique no que cacete maconha é melhor do que sexo. É essa a causa tão urgente? É essa a “luta contra a ditadura fascista”? É esse mal da carne de quem, enquanto as drogas não são legalizadas, prefere financiar o tráfico de drogas e de armas e tornar milionários traficantes e policiais corruptos que facilitam que a droga chegue nas mãos de maconheiros adolescentes burgueses, mesmo às custas dos meninos do tráfico que sonham em sobreviver até os 18 anos numa espiral descendente de violência brutal, em que não podem nem se expressar livremente, nem falar muito alto contra o dono da boca de fumo do morro? Tudo isso só porque não consegue passar a adolescência tardia sem fumar maconha?

Ao contrário do que tais ignaros supõe, de dentro de suas caixolas vazias e que desconhecem o mundo, os “reacionários” e “a direita” (que eles não conhecem) não é uma massa homogênea de fascistas, nazistas, ditadores militares, neoliberais e malufistas. Uma aluna afirmou ao repórter do Estadão Bruno Paes Manso, no obrigatório artigo Pancadão sem Funk na USP, que tudo era decorrente da “privatização neoliberal”. Enquanto falam em ditadura militar. Caros comunistas: OU vocês reclamam que alguém é da ditadura militar, OU que alguém é neoliberal e privatizante. Não confessem sua ignorância involuntariamente acreditando que têm um inimigo só.

E nem durante a ditadura militar houve repressão ao pensamento dentro da Universidade. O general Golbery do Couto e Silva criou a “teoria da panela de pressão” justamente dizendo que não deveriam impedir o marxismo de grassar nos ramos mais inócuos possíveis: ou seja, as faculdades, sobretudo essas que não produzem NADA pra sociedade. Deu no que deu.

Qualquer esquerdista progressista que leia as 3 páginas do sensacional prefácio de Defendendo o Indefensável, de Walter Block, vai entender que a teoria libertária, por exemplo, defende que você não pode obrigar ninguém a fazer nada, e que você tem direito a fazer qualquer coisa que não fira outra pessoa. Logo, estes “direitistas reacionários” defendem a legalização do aborto, do casamento gay e… das drogas, logicamente. A diferença é que também sabem que imposto é uma imposição, e que se você não paga, vai pra cadeia. Logo, também são contra impostos – enquanto nossos esquerdistas adoram uma “Universidadepúblicagratuitaedequalidade” sem uma PM para impedir que alguém nos obrigue a fazer algo que não queremos (como lhes dar dinheiro ou o corpo à força).

Ou seja: há direitistas, como eu, favoráveis à legalização das drogas. Acontece que não é porque ela é “pauta dos estudantes da usp em geral conforme apontado no seu ultimo congresso se não me engano!” que um estudante pode fumar maconha agora. Toda vez que se discute uma lei, afinal, está se defendendo algo ilegal – porque aquela coisa ainda não é legalizada. Mas que se busque o mecanismo adequado. Não dá para fazer o ato como se ele fosse já legalizado. Ou, se um maconhista pode queimar uma brenfa na Cidade Universitária, eu também posso levar uma arma para lá, já que defendo o direito do cidadão de ter uma arma? Que tal? Conforme o general Ulysses S. Grant: “Não conheço método melhor para abolir as leis ruins do que pô-las rigorosamente em execução.”

Aliás, ainda que ilegal, eu teria um exercício a tais defensores de Foucault (e de que Foucault não discordaria): ao invés de serem tontos iguais uma muriçoca a ponto de fumar bagulho na frente de um PM (HUAHEUHUAEH!!), fume em casa. No que a produção de conhecimento da Universidade precisa tanto de maconha? Vão produzir menos? Mas parece ser muito fácil fumar na longínqua (até dentro de São Paulo) Cidade Universitária. Difícil é acender um beck na frente do papai e da mamãe durante a novela. Revolução não é fumar bagulho na frente de um PM na USP. O nome disso é medo do papai te deixar de castigo. Luta de classes é outra coisa.

Um detalhe não dito, também, é que “o protesto contra a PM ferindo a autonomia universitária”. Ou seja, 3 policiais feridos a pedradas em nome… da “autonomia universitária”. Tudo o que os estudantes sofreram foi serem <strong>presos</strong>. Mas ninguém é preso por porte de drogas. O que aconteceu foi que foram levados à delegacia e ligaram pro papai e pra mamãe de cada um avisando-os de que os filhinhos que ganharam carro pra ir pra faculdade estavam eram queimando uma brenfa. Ou seja: só há medinho de papai descobrir o que ando fazendo com minha mesada. Pra isso, se destrói 3 viaturas da polícia e se causa danos a carros de estudantes no estacionamento.

Também não digam que a PM oprime os pobres e blá blá blá. Se vocês fossem pobres, morariam na periferia, e descobririam que as maiores vítimas de homicídios e que mais sofrem com a violência do tráfico são… pobres que são assaltados na periferia, não ricos que voltam de Pajero pra casa na Vila Madalena e se acham descolados porque usam sandálias sebosas de couro cru e votam no Plínio. Vocês viajam mais para os EUA do que qualquer policial militar, este sim que arrisca a vida por um salário de fome.

Caso o maconheiro em questão procure nas cuecas e não encontre o outro colhão para mostrar pro papai e pra mamãe que vai pra faculdade não pra estudar, mas pra “fazer o rito de passagem” de queimar bagulho escondido, que tente trabalhar e ter sua própria casa, onde pode fazer a marofa que quiser. Aí, talvez, o molóide se preocupe com coisas factuais como impostos a pagar, gastos com artigos retardados financiados pelo CNPq, ao invés de não saber quanto custa o seu Danoninho e seu Toddynho, torrando o dinheiro da mesada com “drogas recreativas” e lutando pela sua descriminalização.

Qual a preocupação dos “estudantes” da FFLCH? ☐ Uso de livros com má tradução ☐ Não ter Camões no curso de Literatura Portuguesa ☐ Ninguém na faculdade inteira conhecer Hayek, Mises, Thomas Sowell ou Walter Block ☐ As marxistas são todas barangas ☑ Fazer um “fumaço USP”

PM no campus – Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, digam ao povo que fico! #FicaPM

Os maconheiros, em protesto pela “repressão” da policial baixinha com as mãos nas costas, invadiram o prédio da administração da FFLCH (eles adoram usar o termo “ocupação”, o que é um erro: ocupação pode ser militar ou quando se ocupa um espaço que depois pode ser cedido a outro; se usam a força, barricadas e violência contra quem queira ocupá-lo para sua função original, acabaram de invadir tal local; corrija-se aí, dona Mídia Golpista). Para provar involitivamente que a PM no campus não é nenhuma ameaça à educação, colocaram o já antológico cartaz, posteriomente corrigido às pressas com outra letra, dizendo que “Os policiais não são trabaliadores (sic), são o braço armados (sic) dos exploradores”, como saiu no G1:

O Marcos Bagno ainda não se pronunciou sobre o analfabetismo marcado, mas disseram os vagabundos criminosos:

"Seguiremos ocupados até que o convênio (USP-PM) seja revogado pela reitoria, proibindo a entrada da PM no campus e em qualquer circunstância, bem como a garantia de autonomia nos espaços estudantis, como o Núcleo de Consciência Negra, Moradia Retomada, Canil da ECA, entre outros. Continuaremos aqui até que se retirem todos os processos criminais e administrativos contra os estudantes, professores e funcionários".

Os estudantes manifestantes, que usam camisetas e capuzes escondendo o rosto para não serem identificados, não quiseram dar entrevistas. 

Ou seja: se algum fascista louco, como o pessoal da extrema-direita da USP, resolver estuprar uma estudante comunista (sei que nenhuma é gostosa, mas tampouco eles têm vida sexual para refrear seus instintos), a PM deve ser proibida de entrar no campus para dar uns croques no infeliz. Se roubam ciclistas à mão armada no campus, idem. Se alguém seqüestrar e/ou assassinar outro aluno, que se dane o aluno: precisamos queimar uma brenfa escondidinho dos nossos papais! (isso sem falar nas outras propostas, envolvendo outros crimes anteriores, que buscam encobrir um crime com outro)

Mas este convênio perigosíssimo que permite uma maior atuação da PM dentro da Cidade Universitária prevê que mais dezesseis policiais atuem no campus. DEZESSEIS policiais, negada! Fascimão, hein? 16 policiais contra 2 mil alunos só no prédio de História/Geografia. E chamam isso de “repressão”. É, só que ao contrário.

Imagem por Gustavo Daher - @fezes

Drogas devem ser legalizadas? Devem. Enquanto não são, a PM só tá fazendo o seu trabalho. Sinto muito. Empresas devem ser privatizadas? Devem. Enquanto não são, somos mais obrigados a pagar impostos do que vocês, que ainda conseguem queimar uma brenfa escondido. Tente burlar a burocracia pra você ver se não vai parar na primeira página de jornal. No dia em que marxista burguês tiver conta pra pagar, vai se preocupar mais com imposto pra pagar e menos com “droga recreativa”. Eu teria palavras contra a polícia se ela estivesse fazendo algo errado. Como não posso ter algo contra a polícia se ela bater aqui em casa dizendo que não paguei imposto do sindicato de grevistas. Ou posso?

Infelizmente, encontrar brasileiro que sabe unir premissa à conseqüência é semi-impossível. E o último lugar em que você vai conseguir ver isso é numa Universidade, sobretudo numa faculdade que tenha um curso de Filosofia. Repressão é invadir reitoria. Repressão é destruir viatura da PM, que pode precisar quando a vovó de algum desses maconheiros for assaltada por algum traficante que eles mesmos financiam. Mostrar foto de policial com as mãos pra trás só é repressão no Reino Encantado do Marxismo Mauricinho.

Quando isso foi afirmado, lembraram do “histórico de violência da PM” quando os estudantes foram convidados a se retirar (por PM desarmados!) da Reitoria, depois de mais de 2 meses invadida (e devolvida destruída, sem punição alguma aos baderneiros), além de que  Ora, então a foto é repressora, porque não se vê a repressão. Sacou? Enquanto isso, esquecem-se os bonitões que os alunos também têm um histórico de repressão que garantiria umas 2 horas no cinema. Só para lembrar de alguns casos (sério, mesmo para quem não é da USP, vale a pena ver um por um):

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Não faltaram sequer cadeiras atiradas de longe contra um professor anti-greve. Diversos estudantes sofreram lesão corporal, assim como a imprensa. É a PM que atrapalha o ensino?

A USP é pública, o que significa que é dos maconheiros vagabundos, é minha, é sua. Está na hora de nos organizarmos pra lembrar que a maioria dos estudantes quer, sim, a PM no campus.´Se é pra ter guerra, que percam. Não parem de tweetar com #FicaFM no Twitter. Votem em chapas que não sejam de extrema-esquerda e divulguem, façam campanhas. Uma tal de Mariana Elsas afirma desabridamente: “pegar em armas nao me soa nada ruim mesmo” (imagine o que aconteceria se um malufista dissesse o mesmo para proteger seu carro de pedradas do tamanho de paralelepípedos que voaram contra policiais). Pois que se pense se algum dia precisaremos fazer barricadas, também a paus e pedras na FFLCH, e exigir que ninguém vai ter aula enquanto esses alunos não forem expulsos e não montarem um posto de vigilância da PM como uma UCC ali, bem na FFLCH. Ela não é terra de ninguém. Aluno da USP não é melhor do que o restante da população, e nem mesmo do que estudante da USP. #OcuppyFFLCH! #FicaPM!

Cliquem e divulguem

A USP foi feita para estudar. E, queridos maconheiros, sinto muito, mas vocês apanharam muito menos da PM do que apanham tentando discutir comigo. Sozinho.

Flavio Morgenstern é redator, tradutor e analista de mídia. Estuda na FFLCH, e nem por isso acha que poesia é mais importante do que banho com um bom sabonete. Apresentou uma idéia discordante do rebanho marxista e foi chamado de “massificado”. Coordena a Chapa América, para privatização da Universidadepúblicagratuitaedequalidade. No Twitter, @flaviomorgen

Leia também:

  1. A USP e o vandalismo: Sobre educação e papel higiênico

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