quarta-feira, 1 de junho de 2011

São Paulo tem de decidir entre obrigatoriedade por telhado branco ou "verde" | Rede Nossa São Paulo

São Paulo tem de decidir entre obrigatoriedade por telhado branco ou
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Publicado em: 01/06/2011 - 10:54

Dois Projetos de Lei, cada um sobre um tipo de cobertura, tramitam
simultaneamente na Câmara Municipal com o objetivo de melhorar o
conforto ambiental dos imóveis

A Câmara Municipal de São Paulo discute atualmente dois Projetos de Lei
referentes às coberturas dos imóveis da cidade. Um deles, o PL 615/09,
de autoria do vereador Antônio Goulart (PMDB), prevê que todos os
imóveis da cidade sejam pintados na cor branca, enquanto o outro, o PL
115/09, proposto pela vereadora Sandra Tadeu (DEM), prevê que novos
condomínios edificados com mais de três unidades contem com "telhado
verde". Os dois PLs já foram aprovados em primeira fase pela Câmara,
mas ainda não há estimativa para as votações em definitivo.

O objetivo dos projetos é o mesmo: diminuir as ilhas de calor na
capital paulista. O telhado branco contribui para essa redução, pois
tem como uma das características a capacidade de refletir os raios
solares, enquanto telhados escuros absorvem esses raios, aumentando as
ilhas de calor. Já a camada de terra dos "telhados verdes", por sua
vez, promove o aumento da inércia térmica da cobertura, de modo que
sua temperatura não mude tão rapidamente.

Apesar dos dois sistemas apresentarem características para melhorar o
conforto térmico do ambiente, o setor apresenta opiniões diferentes
sobre o tipo de cobertura mais adequada. O Conselho Brasileiro de
Construção Sustentável (CBCS) divulgou recentemente uma nota afirmando
que "a utilização da cor branca ou clara de forma generalizada pode
trazer problemas funcionais para o ambiente construído, pois a
excessiva reflexão de luz pode causar ofuscamento e desconforto visual
para ocupantes de edifícios vizinhos".

O Sindicato da Habitação (Secovi-SP) também divulgou notícia
convergente à posição do CBCS em seu site : "Além de desnecessária, a
especificação de qualquer cor ignora necessidades estéticas, culturais
e de funcionalidade, podendo descaracterizar conjuntos históricos".

Já o Green Building Council Brasil (GBC Brasil), por meio da campanha
"One Degree Less", defende que se os raios forem refletidos, além da
diminuição do número de ilhas de calor, há também a redução da
utilização de ar-condicionado, diminuindo a emissão de gás carbônico. O
conselho cita inclusive um estudo realizado pelo Laboratório Nacional
Lawrence Berkeley, na Califórnia, que mostrou que coberturas escuras
absorvem 80% do calor e as claras refletem até 90% da luz solar.

Segundo a pesquisadora Maria Akutsu, responsável pelo Laboratório de
Higrotermia e Iluminação do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
Estado de São Paulo) o problema está na obrigatoriedade do uso de um
dos sistemas, se um dos projetos for aprovado, já que a aplicação de
quaisquer soluções dependem de vários fatores, que podem não ser
necessariamente adequados para todos os casos. O arquiteto Lourenço
Gimenes, do escritório FGMF, compartilha da mesma opinião: "A aplicação
desses dois tipos de telhados deve ser estudada caso a caso. Se você
tiver uma cobertura que é ocupada pela caixa do elevador, pela caixa
d'água e por painéis solares, você vai pintar o quê de branco? Ou vai
colocar um pequeno espaço com vegetação?".

Gimenes ainda defende que a cobertura não é o único fator a provocar um
impacto térmico no edifício. "As fachadas norte, leste e oeste recebem
calor praticamente o dia todo, mas é dada pouca atenção para elas, que
têm um impacto muito maior no conforto térmico", diz o arquiteto. Entre
as uasn opções de cobertura, a pesquisadora do IPT ainda defende o
telhado verde que, segundo ela, traz vantagens como a melhoria da
qualidade do ar e a maior retenção de água da chuva. Caso o PL
favorável às coberturas brancas seja aprovado, ela observa alguns
fatores que merecem atenção: "deve-se primeiro haver cuidado com a
qualidade da tinta, para que não crie fungos. Além disso, uma telha
cerâmica, ao ser pintada, por exemplo, pode perder algumas de
características, como a porosidade", finaliza --
http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/node/16220


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