incentivo para carro e moto" - R7 Compartilhe com seus amigos
Publicado em: 30/06/2011 - 18:56
Estudo do Ipea atribui a essa relação de valores o aumento da frota
particular no país Do R7
A cada R$ 12 gastos em incentivos ao transporte particular, o governo
investe R$ 1 em transporte público. A constatação foi feita pelo Ipea
(Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) no estudo sobre a
mobilidade urbana no Brasil, divulgado na última quarta-feira (25). A
pesquisa considera as três esferas de governo do país: municipal,
estadual e federal.
A pesquisa considera esse desequilíbrio de valores gastos em incentivos
como um dos fatores responsáveis pelo aumento do número de carros e
motos no país e, por consequência, dos congestionamentos. "Muitas
vezes, essas políticas não são percebidas claramente pela população por
envolver omissão do poder público", diz o texto.
Entre os subsídios considerados pelo Ipea está a isenção de IPI
(Imposto sobre Produto Industrializado) dada aos carros de baixa
cilindrada, os chamados carros populares. "Enquanto os veículos acima
de 2.000 cilindradas pagam 25% de IPI e aqueles entre 1.000cc e 2.000cc
pagam 13%, os veículos de até 1.000cc pagam 7% e os comerciais leves,
8%". Por 1.000 cc, entende-se veículos 1.0.
Considerando essas variações de percentual por categoria, o instituto
estima que o governo deixe de arrecadar entre R$ 1,5 bilhão e R$ 7,1
bilhões somente com a isenção do IPI por ano. Já os ônibus e trens
recebem de R$ 980 milhões a até 1,2 bilhão em isenção de impostos.
O instituto ainda calcula que o governo deixa de arrecadar cerca de R$
7 bilhões ao ano dando estacionamento gratuito aos carros nas vias
públicas. Vale ressaltar que o Ipea considera esta estimativa
conservadora, uma vez que o valor médio de estacionamento utilizado
para o cálculo foi de R$ 3 por quatro horas.
Somados a isenção do IPI com a dos estacionamentos nas vias públicas,
os veículos individuais recebem aproximadamente 90% de todos os
subsídios dados pelo governo para mobilidade urbana.
Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho, técnico de Planejamento e Pesquisa
do Ipea, defende o equilíbrio da distribuição financeira de recursos.
- Nós defendemos que o governo destine mais investimentos na
infraestrutura da mobilidade urbana, pois o aumento do uso de veículos
particulares aumenta a poluição, os congestionamentos e o número de
acidentes nas regiões metropolitanas.
Inflação
Além da questão do subsídio, o estudo apontou outras razões para a
piora do transporte público do país. De 1995 até hoje, as tarifas de
ônibus subiram cerca de 60% mais que a inflação. Para chegar à
conclusão, o instituto considerou o INPC (Índice Nacional de Preços do
Consumidor), que é calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) todos os meses. O Ipea colheu dados de dez
regiões metropolitanas (Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo
Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e
Brasília) e da cidade de Goiânia.
Outro dado trazido pelo estudo é que o brasileiro perdeu mais tempo em
média no trânsito em seu deslocamento da casa para o trabalho. Baseado
em cálculos das Pnads (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de
1992 e 2008, o Ipea concluiu que o tempo médio subiu de 37,9 minutos
para 40,3 minutos. Houve também um aumento na quantidade de pessoas que
ficam mais de uma hora no trajeto de casa para o trabalho, de 15,7%
para 19%.
"Esses dados mostram que as políticas de mobilidade adotadas não estão
sendo suficientes para conter a degradação do trânsito urbano", diz o
texto. -- http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/node/16485
--
Nenhum comentário:
Postar um comentário