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Publicado em: 06/06/2011 - 11:12
Duas semanas após campanha, CET aponta alta desobediência na travessia
Para especialista, respeito do condutor a quem está a pé em SP só vai
melhorar depois da aplicação de multas
ALENCAR IZIDORO
DE SÃO PAULO
O desrespeito do motorista ao direito de passagem do pedestre na faixa
de travessia continua generalizado.
De dez a 14 dias após lançar um programa contra atropelamentos, a CET
verificou que 86,1% dos veículos em quatro pontos da região central
ainda ignoravam a prioridade de quem estava a pé.
Ou seja: deixavam de parar na faixa para dar a vez a quem tentava
atravessar.
A desobediência teve pequena oscilação (dentro da margem de erro de
cinco pontos) em relação ao índice de 89,6% verificado antes da
campanha iniciada em maio.
Para a Companhia de Engenharia de Tráfego, é natural, porque a
reeducação dos motoristas não é tão rápida.
Especialistas concordam, mas avaliam que a obediência só tende a ser
significativa quando houver punição.
"O bolso é a parte mais sensível do corpo humano. Em Brasília funcionou
muito também porque multaram adoidado", afirma Jaime Waisman, professor
da USP, em referência ao programa da capital federal nos anos 90 que
inspirou a prefeitura.
Pelo código de 1998, deixar de dar preferência de passagem ao pedestre
na faixa é infração gravíssima -multa de R$ 191,54. Se a pessoa estiver
atravessando uma rua transversal em relação ao carro, a multa é de R$
127,69.
VISTAS GROSSAS
Embora isso seja amplamente desrespeitado no Brasil, na prática os
órgãos de trânsito, inclusive a CET, fazem vistas grossas. A companhia
diz que planeja expandir as multas numa próxima fase -talvez no final
do mês.
O hábito de permitir a passagem do pedestre é comum em países
desenvolvidos.
Em São Paulo, a desobediência agrava os riscos de atropelamento -que
deixaram 630 mortos em 2010.
O levantamento da CET foi em quatro pontos do centro, primeiro alvo do
plano que será levado a outros bairros.
O órgão também verificou que 42,1% de 2.677 veículos monitorados não
deram a seta na conversão -outra infração que ameaça a travessia. Uma
melhoria pequena diante dos 47,2% flagrados antes.
Na pesquisa, 57,3% dos condutores e 48,1% dos pedestres diziam conhecer
a campanha -que, além da publicidade, começou com 108 agentes e 77
monitores para orientar a travessia.
Mas em quanto tempo pode haver algum efeito significativo? "Em Brasília
levou mais de um ano", diz Luiz Carlos Néspoli, da CET. --
http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/node/16245
--
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