URL: http://gabinetesoninha.blogspot.com/2009/08/dialogo-no-semaforo_11.html
- Quer comprar bala?
- Não. Quer uma flor?
(Tínhamos – eu e a Lylian – acabado de comprar copos-de-leite no outro semáforo)
- Não, é sua.
- Mas pode ficar pra você.
- Não quero não. Compra uma bala pra me ajudar.
- Não quero bala. Quer biju?
(Tínhamos comprado biju dois semáforos antes)
- Não, obrigada. Compra uma bala!
- A gente não tem mais dinheiro. Como você chama?
- Silmara.
- Onde você mora?
- Valo Velho.
- Tem muita gente aqui do Valo Velho, né?
(Eu tinha perguntado para outras meninas anos atrás. Aliás, levei-as para casa de madrugada, longe pra danar. Sem trânsito nenhum, levamos mais de uma hora para chegar).
A menina deu de ombros, dizendo "nem sei".
- Quantos anos você tem?
- Dez.
- Estuda?
- No Betinho.
- Onde é?
- Lá no Valo Velho!
(Exclamação tipo "pergunta besta")
- Municipal ou estadual?
- Hmm... É das que dão leite.
Sinal abriu, fomos embora. Silmara ficou lá.
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E ainda tem quem use o refrão "tem de botar as crianças na escola para tirar da rua". E quando estão na escola E na rua? Estar na escola garante dinheiro para o sustento e os desejos?
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