terça-feira, 11 de outubro de 2011

Memórias de um vampiro - Sarney diz que Lula e FHC foram à sua casa pedir apoio. É mesmo? Ou: O lema da máfia

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Já lembrei aqui que Paulo Francis indagava amiúde quando alguém enfiaria uma estaca no coração de Sarney - uma metáfora, claro! Francis se foi; Sarney está aí, andando no helicóptero que deveria servir aos pobres. O mundo não é necessariamente justo. Eu nunca sou oblíquo. Não estou desejando que Sarney morra, e jamais faria isso, porque não me cabe decidir esse tipo de coisa. Mas o que ele representa deveria estar morto faz tempo. E, no entanto, está mais vivo do que nunca.

Leiam o que vai no Estadão Online. Comento depois:
O presidente do Senado Federal, José Sarney (PMDB-AP), afirmou em entrevista ao jornal “Zero Hora” que já foi oposição durante muito tempo e acha injusto quando dizem que apoia todos os governos. “Não fui aderir ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Pelo contrário, ele foi à minha casa pedir o meu apoio. Da mesma forma, não fui aderir ao ex-presidente Lula. Ele foi à minha casa pedir o meu apoio. Portanto, acho injusto quando dizem que estou apoiando todos os governos. Solicitado a colaborar, não tenho me furtado a fazê-lo”, disse, na entrevista.

Ao jornal “Zero Hora”, Sarney afirmou que raramente conversa com a presidente Dilma Rousseff, mas que ainda mantém contato com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na entrevista, publicada hoje, o presidente do Senado Federal afirmou que tem um “grande apreço” pelo ex-presidente Lula e que teve uma relação muito pessoal com o petista. “Eu tive uma relação muito pessoal com Lula. Ainda hoje ele me telefona, e eu ligo para ele”, afirmou. “Eu tenho um grande apreço por Lula, acho que ele fez um grande governo. Sobre a presidente Dilma, ele disse que ela vem promovendo a continuidade sem continuísmo, “marcando seu estilo”. Mais aqui

Comento
Desde o golpe militar de 1964, quando Sarney foi oposição? Por que ele não prova? A rigor, oposição mesmo, para valer, ele não era nem antes. Seu discurso se situava naquela fronteira em que, se o golpe desse certo, ele seria um golpista; se não desse, ele seria um legalista. Deu certo. Ele passou a ser o legalismo do golpismo. Rapaz esperto!

Sarney foi oposição, ou quase isso, por um brevíssimo período entre 2001 e 2002, quando, já está demonstrado, uma armação da qual os petistas participaram foi atribuída a Serra, e a candidatura de Roseana Sarney foi alvejada pelo caso Lunus. Digamos que não chegou a ser oposicionismo propriamente: ele se entendeu com Lula, que o esculhambava, e passou a chamá-lo de “meu amgio de fé, meu irmão, camarada”. O modo como o petista se referia a ele pode ser conferido num vídeo no pé do texto.

Mas vamos ao mérito do que diz. Ainda que seja como ele diz, e daí? Aqueles que iam buscar o seu apoio sabiam bem por que o faziam - e sabem ainda. Estão em busca, como definiu magistralmente o ex-ministro Fernando Lyra, da vanguarda do retrocesso, sem a qual, dado o sistema atual, fica, de fato, difícil governar o Brasil. É por isso que este escriba quer tanto o voto distrital.

FHC e Lula o procuraram? Pode ser. O fato é que ele, na prática, rompeu com o tucano e escolheu o petista, a quem se diz fiel até hoje. Ele e o próprio Lula certamente sabem por quê. Vai ver FHC não topou o que Lula aceitou na hora. Aqui, vocês têm o Apedeuta em 2001, ainda antes do acordo com Sarney. Ouçam.

Agora vamos ouvir o mesmo Lula depois do acordo com Sarney - este vídeo é de 2006:

Viram? Ele fala contra e a favor com a mesma convicção. De Sarney, já sabemos, ninguém compra um carro usado. E de Lula, você compraria? A frase dele é histórica: “Em política, a gente tem de ser leal com quem é leal com a gente”. Poderia ser a divisão da máfia. E é.

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