sábado, 13 de março de 2010

Quando a tropa de elite vale mais que o exército

Quando a tropa de elite vale mais que o exército

Marcelo S. Tognozzi*

O PT anunciou no fim de fevereiro, oito meses antes da eleição, que
mobilizará 500 mil militantes para a campanha digital de Dilma. Eles
terão a missão de distribuir na rede material favorável à candidata e
ao mesmo tempo falar mal dos adversários. Da maneira como o projeto
está sendo formatado, pode ter problemas para decolar. Os principais
motivos: começou atrasado demais, carece de orçamento específico, não
indica que terá unidade de linguagem nem rotina, batendo de frente com
o projeto Dilma Paz & Amor elaborado pelo competente João Santana, o
Patinhas, marqueteiro oficial da campanha.

Dilma não tem presença pessoal nas redes sociais, ao contrário de
Marina Silva e José Serra, que começaram a trabalhar ainda no primeiro
semestre do ano passado. Serra, por exemplo, chegou aos 165 mil
seguidores no Twitter, com os quais interage todos os dias. Dilma não
tuita. Marina Silva está no ar desde abril de 2009 e apenas o Movimento
Marina Silva Presidente, montado na plataforma ning, conta com 13.500
apoiadores e 300 grupos de discussão.

O PT imagina que a campanha digital será uma guerra de informação e
contrainformação, como admite o secretário nacional da legenda André
Vargas. Campanha digital não é uma guerra. Ao contrário, é a busca de
um diálogo permanente com o eleitor, a interatividade e a troca de
informações. WEB 2.0. Do jeito que está sendo concebida, a campanha de
Dilma corre o risco de virar spam. Aliás, até agora as iniciativas
digitais dos companheiros se mostraram desastrosas, como o Blog Dilma
Presidente que andou batendo duro na "mídia golpista" e em jornalistas
considerados anti-petistas. Por tudo isso, o PT pode acabar pregando
para convertidos ao invés de conquistar apoios e votos para Dilma.

Estas ações de mobilização não necessitam de exércitos para dar certo.
Precisam, sim, de um grupo de inteligência, capaz de produzir conteúdo
de qualidade com alto grau viral e que será postado por uma equipe
treinada, capaz de interagir e dar respostas eficientes aos
questionamentos de eleitores e até de adversários. Isso não é um
trabalho para poucos meses. É uma jornada longa, como aparentemente
entenderam José Serra e Marina Silva. De uma maneira geral, é espantoso
que as campanhas dos presidenciáveis não tenham previsto (pelo menos
não divulgaram nada ainda) ações voltadas para celular (mobile
marketing). Temos 170 milhões de linhas em funcionamento, das quais
cerca de 85% são de pré-pagos.

A sociedade costuma estar muito à frente dos políticos. Ela muda muito
antes. O eleitor das classes C, D e E entre 18 e 35 anos, por exemplo,
não fala no seu pré-pago. Ele escreve. Até hoje, os políticos não
entenderam direito como funciona essa comunicação. Muitos, talvez a
grande maioria, nem abre seus e-mails. Manda a secretária imprimi-los.
Nesta eleição, o papel da internet e das novas mídias ainda não será
decisivo, devido à nossa baixa inserção digital. Mas em 2012 será muito
diferente, e em 2014 mais ainda, porque as ferramentas digitais para a
campanha desta próxima corrida presidencial ainda nem foram inventadas.

Os 500 mil militantes do PT não podem transformar Dilma num avatar,
como no Second Life, e sair por aí falando por ela. Antes deles, a
própria Dilma tem de se engajar na campanha digital como fez Obama nos
EUA e Fernando Gabeira no Brasil. E deve ter a consciência de que
internet é para sempre; não acaba dia 3 de outubro.

* Marcelo S. Tognozzi é jornalista, diretor da A+B Comunicação --
http://congressoemfoco.ig.com.br/noticia.asp?cod_publicacao=32155&cod_canal=4


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Um comentário:

Matheus Braz disse...

Olá,
Gostaria de informa-lo q a Marina só entrou no twitter em 2010, após fazer um curso básico de informática e internet na Campus Party.
E segundo o MOVIMENTO MARINA SILVA nada tem a ver com o a campanha do PARTIDO VERDE. Quer dizer, agora, está havendo troca de informação, mas este mov. foi fundado por admiradores da grande Marina em 2007 e hj tem como objetivo a candidatura de Marina e já conta com milhares de voluntários