Publicação: 02/02/2010 09:28
Ex-ministros do presidente venezuelano Hugo Chávez publicaram ontem um
artigo em jornais pedindo sua renúncia. No documento, os ex-integrantes
do governo chavista argumentam que, após 11 anos no cargo, ele "não tem
legitimidade nem capacidade" para administrar o país. "Presidente
Chávez, nós que fizemos da defesa da Constituição nossa luta (...),
para evitar maiores males e desgraças ao país, como estão ocorrendo,
exigimos formalmente sua renúncia", enfatiza um trecho do documento,
assinado pelo grupo Polo Constitucional.
Endossam o comunicado, dentre outros, os ex-ministros de Relações
Exteriores Luis Alfonso Dávila e da Defesa Raúl Isaías Baduel. Também
constam a assinatura de Herman Escarrá, um dos principais redatores da
Constituição, e dos ex-comandantes que acompanharam Chávez na tentativa
de golpe de Estado em 1992, Yoel Acosta e Jesús Urdaneta.
De acordo com o texto, o presidente deve deixar o poder devido a "seu
projeto absolutista e totalitário" e "pela falta de prestação de
contas". O documento acusa ainda o presidente de empregar "linguagem
imprópria" que, acrescenta, "despe sua alma intolerante, mesquinha,
cheia de ódio e de ressentimento".
Os responsáveis pelo artigo dizem que a Venezuela vive com falta de
água e de energia elétrica e sofre com altos índices de insegurança e
com uma "escandalosa corrupção", que "agregam elementos para a
desqualificação de Chávez como governante". O Polo Constitucional
reivindica ainda o direito dos venezuelanos à propriedade privada, à
"educação plural e ao pluralismo político. E critica o fato de que o
Exército e outras instituições estejam "distorcidas pela penetração de
elementos estranhos", em uma alusão a Cuba.
Nos últimos dias, Chávez insistiu que as manifestações registradas na
Venezuela contra ele pretendem desestabilizar seu governo e têm "o
mesmo formato" que o golpe de Estado de abril de 2002, quando foi
retirado do poder por três dias. "Há grupos que estão chamando os
militares ativos, incitando-os (à rebelião). Recomendo que não o façam
porque juro que minha resposta será forte", advertiu o presidente.
SILÊNCIO E AUTOCENSURA
O Bloco de Imprensa Venezuelano atacou o presidente da Venezuela, Hugo
Chávez, ao referir-se ao fechamento da emissora RCTV. "A criação de
leis e regulamentos ordenados por Chávez aos poderes do Estado de forma
vergonhosa e subordinados a seu controle configura uma fraude contra a
Constituição, que busca enganar e justificar os atropelos de seu regime
contra o Estado de Direito, a liberdade, a justiça, a propriedade
privada, os princípios éticos e a dignidade dos venezuelanos", afirma
um comunicado do organismo. O texto acrescenta que Chávez "ordenou o
silêncio e o combate à realidade e à racionalidade, por meio de uma
grande censura e da intimidação". O mesmo comunicado sustenta que os
meios de comunicação independentes da Venezuela utilizam sistemas
dedicados à contrainformação, para promoverem rumores destinados a
confundir a dissidência popular. --
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/02/02/mundo,i=170709/EX+MINISTROS+PEDEM+RENUNCIA+DE+CHAVEZ.shtml
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