segunda-feira, 25 de julho de 2011

"2 mil usuários de droga frequentam a cracolândia" - O Estado de S.Paulo | Rede Nossa São Paulo

Estimativa é do Denarc, que mantém agentes disfarçados na área, e
considera os dependentes que compram crack e vão embora

Gio Mendes - O Estado de S.Paulo

Dois mil consumidores de drogas frequentam a cracolândia, na Luz,
região central de São Paulo. A estimativa é de policiais civis do
Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), que desde o
começo do ano fazem operações diárias para prender traficantes na área.

Segundo o diretor do Denarc, delegado Wagner Giudice, esses usuários de
drogas integram uma população flutuante. "Muitos não ficam lá. Eles
compram a droga e vão embora ou ficam rodando pela região. Outros só
voltam depois de uma semana", afirma. O número supera a população de 20
cidades paulistas, entre elas Turmalina (1.978), Aspásia (1.809
moradores), Nova Castilho (1.125) e Borá (805).

O diretor do Denarc apresentou a estimativa na semana passada, em
encontro com a Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack da
Assembleia Legislativa. Segundo ele, investigadores disfarçados têm
circulado entre os usuários para identificar os fornecedores. Até
junho, foram presos 110 traficantes e apreendidos 110 kg de crack.

A maior parte dos usuários de crack se aglomera na esquina da Rua dos
Gusmões com a Avenida Rio Branco, mas eles também estão presentes em
outras vias da região, como as Ruas dos Andradas, Vitória, Guaianases e
Conselheiro Nébias.

"Abro minha janela e vejo essa cena todos os dias. Além dos moradores
de rua, dá para ver gente de terno e gravata, crianças e idosos
comprando droga na cracolândia. Tem um público itinerante mesmo", diz
Paula Ribas, presidente da Associação dos Moradores e Amigos da Santa
Ifigênia e da Luz (Amoaluz) e moradora da região há 36 anos. "A
situação só piorou com o passar dos anos. Quando a Prefeitura vai
oferecer ajuda para essas pessoas? Elas precisam de tratamento de
saúde", questiona.

O psicólogo Thiago Calil, do Centro de Convivência É de Lei, que
desenvolve uma política de redução de danos para usuários de drogas,
diz que houve um crescimento da população flutuante da cracolândia. "É
comum ver rostos diferentes quando vamos distribuir piteiras de
silicone e protetores labiais para os usuários de crack", afirma.

Segundo o psicólogo, no ano passado foram distribuídas 3.630 piteiras.
O objetivo é que os usuários de drogas não compartilhem o mesmo
cachimbo e contraiam doenças como hepatite, tuberculose e até aids.
Também foram entregues 3.753 protetores labiais, para ajudar na
cicatrização de feridas na boca.

Para a urbanista Lucila Lacreta, do Movimento Defenda São Paulo, a
cracolândia cresceu porque o poder público virou as costas para a
região. "As ruas de lá continuam sujas. A gente nota que aquela área
foi deliberadamente abandonada, não só sob o ponto de vista
urbanístico, mas do ponto de vista social também", disse Lucila.

Nova Luz. O projeto preliminar da Prefeitura para reurbanização de 45
quarteirões dos bairros da Luz e Santa Ifigênia não propõe soluções
para o problema dos usuários de drogas e moradores de rua da região.

Chamado de Nova Luz, o projeto foi apresentado em novembro e ainda está
sendo desenvolvido pelo consórcio formado por Concremat Engenharia,
Cia. City, o escritório internacional Aecom e a Fundação Getúlio Vargas
(FGV). Em entrevista no ano passado, Jason Prior, vice-presidente da
Aecom, disse que os equipamentos culturais e de ensino que serão
instalados na região seriam capazes de absorver os usuários de droga.

Pelas ruas, muito lixo acumulado e falta de iluminação

Fabiano Nunes - O Estado de S.Paulo

Calçadas esburacadas, lixo acumulado, falta de iluminação. A lista de
problemas nas ruas no entorno da Nova Luz, região onde fica a
cracolândia, é imensa. A reforma prometida pela Prefeitura em vias
comerciais do bairro ainda engatinha. De acordo com a Agenda 2012,
programa de metas da Prefeitura, até dezembro haveria uma reformulação
em 23 ruas. Segundo a Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras,
serão gastos R$ 17 milhões.

Na Rua Santa Efigênia, comerciantes reclamam da falta de iluminação em
alguns pontos e do acúmulo de sujeira. "As lojas fecham às 18h, mas a
coleta só passa depois das 19h. Nesse meio tempo, os moradores de rua
rasgam os sacos à procura de objetos para vender. Fica tudo espalhado",
diz Luiz Vieira, vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas da
Santa Efigênia. Segundo a secretaria, fazem parte das obras a execução
de calçamento novo, adequação de drenagem e sinalização, manutenção do
paisagismo e modernização do sistema de iluminação. --
http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/node/16633


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