'Estado'
Marcelo Godoy e Rodrigo Burgarelli
Se a WTorre foi obrigada pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET)
a gastar R$ 90 milhões em viadutos, pistas e passarelas, outras grandes
construções não têm tido tanta dificuldade para cumprir as exigências
da Prefeitura. Desde janeiro de 2008, 133 novos polos geradores de
tráfego foram cadastrados na CET, mas apenas 10% tiveram de fazer obras
viárias de grande porte. A maioria foi obrigada apenas a implementar
sinalização, semáforos, câmeras ou melhorias para pedestres.
O número faz parte de levantamento feito pelo Estado na base das
certidões de diretrizes emitidas pela CET nesse período. O documento é
obrigatório para se regularizar empreendimentos comerciais com mais de
120 vagas e locais de reunião para mais de 500 pessoas. Entre os
prédios residenciais, só os que têm mais de 500 vagas de estacionamento
são obrigados a apresentar o documento, que lista todas as obrigações
pedidas pela Prefeitura para minimizar o impacto no tráfego da região.
O levantamento mostra que, de 2008 para cá, a cidade ganhou 102,9 mil
vagas de estacionamento em grandes polos de tráfego, como shoppings,
torres de escritórios, faculdades e igrejas evangélicas - 88,6 mil para
carros e 14,3 mil para motos. Apesar disso, apenas 12 dos 133
empreendimentos tiveram de construir algum equipamento viário - como
viadutos e ruas locais - ou alargar pistas já existentes.
Outros 20 polos foram obrigados a fazer pequenas adequações geométricas
em cruzamentos e canteiros centrais, obras que não aumentam a
capacidade das vias. Quando é analisada a exigência de obras voltadas
ao transporte público, o número é ainda bem menor: apenas cinco
construções tiveram obrigações desse tipo, todas envolvendo apenas a
reforma de abrigos e pontos de parada de ônibus.
Todos os outros 96 geradores de tráfego - ou seja, 72% do total -
tiveram apenas de fazer adequações na sinalização, calçadas e
equipamentos de fiscalização. Um exemplo é o Carrefour da Avenida
Giovanni Gronchi, no Morumbi, zona sul, uma das regiões que mais sofrem
com o trânsito nos horários de pico. O processo foi aprovado pela CET
apenas neste ano, mas, apesar de prever 2.179 vagas de carro e 405 de
moto, a companhia não exigiu nenhuma pequena intervenção viária no
entorno.
"As exigências estão muito aquém do que é realmente necessário. Algumas
cidades já estão discutindo modelos alternativos, como a criação de um
fundo para polos geradores de viagens. Nesse modelo, cada
empreendimento seria obrigado a repassar uma certa quantia à
Prefeitura, que ficaria encarregada de gastá-la em grandes obras
voltadas ao transporte público", sugere o vereador Chico Macena (PT),
ex-presidente da CET. Ele afirmou que vai apresentar um projeto de lei
contendo essas regras.
Investimentos. Questionada, a CET informou que utiliza "fórmulas
matemáticas" para verificar a suficiência do número de vagas projetadas
para os empreendimentos e assim decidir quais são as exigências
necessárias para minimizar os "impactos que a implementação do
empreendimento pode causar ao trânsito da região".
Segundo a companhia, o objetivo é melhorar as condições de circulação
para "motoristas, pedestres e moradores". O órgão afirmou que a adoção
de sinalização e semáforos está entre os principais tipos de melhoria
solicitada, mas que também verifica na São Paulo Transporte (SPTrans)
se há necessidade de readequação de pontos e abrigos de ônibus.
-- http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/node/16960
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