terça-feira, 5 de julho de 2011

Líder do MST coagiu sem-terras a transferir títulos eleitorais

 http://odia.terra.com.br/portal/brasil/html/2011/7/lider_do_mst_coagiu_sem_terras_a_transferir_titulos_eleitorais_175685.html

São Paulo - Sem-terras acampados no município de Agudos, em São Paulo, foram coagidos a transferir seus domicílios eleitorais para a cidade de Iaras nas eleições municipais de 2008, e famílias que não transferissem seu domicílio eleitoral não seriam selecionadas para assentamento.
A denúncia é do Ministério Público Federal em Bauru, que enviou representação à Promotoria Eleitoral da comarca de Cerqueira César apontando que os sem-terras deveriam transferir seus títulos para votar na então candidata a vereadora Rosemeire Pan D'Arco de Almeida Serpa (PT), uma das líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) na região, sob pena de não receberem seus lotes.

A irregularidade foi descoberta por meio de um inquérito civil público instaurado para apurar a extração ilegal de madeira e outras práticas abusivas no projeto de assentamento Maracy, em Agudos, praticado por servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e integrantes do MST.

O MPF informou ter recebido dos próprios assentados a denúncia. Consta na representação do MPF a informação de que os assentados não conheciam nem mesmo a circunscrição eleitoral a que pertenciam, sendo manipulados pelo líder regional do MST, Miguel da Luz Serpa. Teria sido o Incra o responsável por fornecer toda a documentação necessária para a transferência dos títulos, confirmando falsamente que os trabalhadores rurais eram acampados no município de Iaras.

Nas eleições de 2008, a candidata Rosimeire foi eleita com 213 votos para o cargo de vereadora de Iaras, onde também há um projeto de assentamento sob a responsabilidade do Incra. Nos dois assentamentos, Miguel Serpa atua por meio da Cooperativa de Comercialização e Prestação de Serviços dos Assentados de Reforma Agrária de Iaras e Região (Cocafi), da qual é presidente. A entidade já responde a processo na Justiça Federal por exploração indevida de madeira em assentamento rural.

Para confirmar a denúncia recebida pelos assentados, o procurador da República Pedro Antônio de Oliveira Machado, responsável pelo inquérito, solicitou ao Incra os dados dos sem-terras no município de Agudos entre os anos de 2007 e 2008. Esses dados foram cruzados com os da comarca eleitoral de Cerqueira César, o que confirmou que, dos 102 assentados em Agudos, 72 haviam transferido seu título eleitoral para Iaras. Ainda segundo o MPF, também foi comprovado que 69 desses eleitores votaram no pleito de 2008. Após as eleições de 2008, 24 desses eleitores transferiram novamente seus títulos de Iaras para outras localidades.

Nenhum comentário: