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Ouvindo a Hora do Brasil agora há pouco, lembrei de um vereador do PT que usava a expressão "cretinice parlamentar" para descrever um tipo muito característico de pronunciamento na tribuna.
Curioso é que esse vereador é uma das lideranças do grupo dominante no PT de São Paulo nos últimos anos, muito ligado à Marta, e portanto do time adversário ao meu no partido, digamos assim. Mas eu gostava muito dele.
Enfim, os deputados sobem à Tribuna para cumprimentar o governo do RS pelo lançamento de um programa de apoio à agricultura, para defender as mudanças no Código Florestal, para pedir ajuda ao governo federal para acabar com a falta d'água em Manaus, para pedir obras nas estradas federais, para pedir campanhas educativas antes dos feriados para diminuir o número de mortes nas estradas federais, para lamentar a queda na produção de gás natural do Espírito Santo X o aumento da importação de gás da Bolívia, para manifestar sua preocupação com a inflação, o custo do alimento para a população e o gasto público, para pedir para que o governo não deixe faltarem recursos para o FIES, para saudar o novo presidente do TJ de São Paulo, para saudar o encontro de Evangélicos em SC, para dizer que a alteração do Código Florestal não deveria ser votada açodadamente, para propor um plebiscito para que a população decida como quer eleger seus representantes, etc.
No meio disso tudo, mais relevante ou menos, um deputado (do PR de Minas, creio) sobe à tribuna para elogiar a estabilidade econômica e cumprimentar o governo federal por ter tirado 10 milhões de pessoas da pobreza e criado empregos com carteira assinada.
Entre todas as falas, essa foi a que mais me lembrou a "cretinice parlamentar" referida pelo ex-colega...
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Código Florestal: acho que nunca cheguei a ler na íntegra o relatório do Aldo Rebelo, só reproduções de vários trechos. Vou tentar ler hoje. Não tenho dúvida que, como SEMPRE acontece, um monte de gente dá opinião a respeito baseado na opinião de outro que só conhece a versão de outro. É assim com assuntos como: PPP, Operação Urbana, Lei das OS etc. Neguin discorda do que a lei NÃO diz, como se ela dissesse.
Do que eu li, discordo do seguinte:
- Anistia a desmatamentos ilegais feitos até 2008 – Tenham dó, se é para anistiar o desmatamento ilegal do começo do século passado por considerar que já é fato mais do que consumado, que não há sentido em punir o tatatataraneto do cara que comprou a fazenda do desmatador etc, vá lá. Mas perdoar o criminoso de outro dia não dá. E a anistia deveria implicar em alguma forma de reparação, isto é: não precisa pagar x em multa, sua propriedade será regularizada/legalizada, DESDE QUE... (você adote uma área de floresta para conservar, assuma o reflorestamento de uma região y, patrocine o tratamento de animais silvestres tirados de cativeiro ilegal etc etc).
- Redução da área de preservação em margens de rios, encostas e pequenas propriedades – Achar que a lei ambiental pode ser mais branda com o pequeno agricultor é um tipo de paternalismo muito absurdo. Como se o pequeno produtor fosse "café-com-leite", uma espécie de menor incapaz que pode ser desculpado se fizer uma besteira aqui e outra ali. Como se o pequeno produtor pudesse agredir o meio ambiente e não ser ele mesmo atingido pelas conseqüências negativas disso. Como se a soma de milhares de pequenos produtores fazendo pequenos estragos não resultasse em um imenso estrago.
O governo ouviu hoje os líderes de partidos e reivindicações e talvez contemple algumas delas na próxima versão do texto – que será entregue a eles na SEGUNDA, para que seja votada na TERÇA.
Fim da picada.
O líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira, foi quem manifestou preocupação com o "açodamento", a pressa, a falta de tempo para analisar com calma e permitir que a população se familiarize e entenda melhor a proposta.
Mas o Presidente da Casa diz que na terça vota de qualquer jeito. E o líder do PSDB acha que é isso aí, já foi discutido demais e tem mais é que votar.
Santo deus.
(Quem ouve pode pensar que ele quer logo ir para o pau, isto é, cada um vota como quiser e no final se contam os votos para ver quem venceu. Mas não é nada disso. O projeto só entra na Ordem do Dia quando já está (quase) tudo acertado para sua votação. Se o governo quer votar na terça, significa que tem certeza de que os votos contrários serão minoria. E não há um opositor que não saiba disso...)
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Quando há um crime como o assassinato da Isabella Nardoni, todas as TVs convocam especialistas, curiosos, peritos, estudiosos, líderes religiosos etc. para dissecar o assunto sob todos os ângulos. Por um período, a população vira especialista no tema e começa a discutir se o Transponder do Legacy estava ou não ligado e se o manete na posição errada foi falha mecânica, eletrônica ou humana.
No Mundo Ideal de Sonia Francine, todas as TVs, jornais, rádios e revistas semanais fariam uma corrida semelhante, uma competição para ver quem explicava melhor as mudanças no Código Florestal. Infográficos, animações, imagens aéreas, imagens de arquivo, depoimentos, entrevistas na Ana Maria Braga, debates no Superpop, perguntas provocativas no Datena etc. Seria o assunto da moda nos cabelereiros e botecos. Apareceria nos diálogos de todas as novelas e viraria tema de Quiz no Big Brother.
Mas desconfio que ninguém vai tentar explicar ou discutir coisa nenhuma como se o assunto fosse realmente importante.