terça-feira, 3 de março de 2009

Política não é balcão de negócios, diz Jarbas Vasconcelos

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Protagonista de declarações que levaram o maior partido do país, o PMDB, a um racha político, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) subiu hoje (3) à tribuna do Senado para reafirmar as críticas feitas à legenda em entrevista publicada pela revista Veja no último dia 14 de fevereiro. Contudo, ele não chegou a citar nomes em seu discurso. (confira a íntegra do discurso)

O senador também avisou ao líder peemedebista no Senado, seu desafeto político Renan Calheiros (PMDB-AL), que, após ser expulso da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), não aceitará indicação para qualquer outro colegiado na Casa. Jarbas Vasconcelos foi categórico ao afirmar que as diferenças com Renan Calheiros foram determinantes para seu afastamento da CCJ.

O senador relembrou proposições relatadas por ele na comissão, durante o último biênio, e destacou, entre elas, o projeto de resolução que previa o afastamento preventivo dos membros da Mesa Diretora em caso de envolvimento em denúncias que pudessem resultar em perda de mandato, em 2006. “Ao defender esse instituto angariei a insatisfação, para dizer o mínimo, do então presidente da Casa, Renan Calheiros”

“Nem mesmo na ditadura tive meus direitos políticos cerceados, apesar de combatê-la diuturnamente”, disse o senador em seu discurso. Sem citar nomes, Vasconcelos criticou a política nacional, dizendo que ela se transformou em um “balcão de negócios”.

Pouco antes, o senador pernambucano citou as denúncias que envolvem a Fundação Real Grandeza, fundo de pensão dos funcionários de Furnas e da Eletronuclear. Na Câmara, assinaturas são colhidas para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a gestão dos fundos de pensão de empresas estatais.

Vasconcelos fechou seu discurso propondo a criação de uma agência anticorrupção, com participação do Executivo, do Legislativo, do Judiciário, do Ministério Público, do Tribunal de Contas da União  e representantes da sociedade civil. O senador defendeu ainda a retomada do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral.

Tensão

O discurso de Jarbas Vasconcelos foi ouvido por um plenário atento e tenso. O painel marcava que 73 senadores acompanhavam o pronunciamento, entre eles Renan Calheiros e o ex-líder da legenda, Valdir Raupp (RO). O presidente do Senado, que também foi alvo de críticas por parte de Vasconcelos, José Sarney, se retirou minutos antes do início do discurso. 

Durante o pronunciamento de Vasconcelos, diversos senadores iniciaram apartes em apoio a ele. Parlamentares do PSDB, PT, DEM discursaram em favor do pernambucano. Do PMDB, apenas o senador Pedro Simon discursou. “A nação escuta com grande emoção o seu pronunciamento. Nós individualmente podemos somar. Seria muito importante uma manifestação da sociedade”, opinou Simon.

O senador gaúcho terminou seu aparte com um apelo: “Líder (Renan Calheiros), vamos olhar para frente.Se for o caso, eu abro mão de minha vaga. Mas vamos voltar o Jarbas para a CCJ”.

Repercussão

As críticas do senador Jarbas Vasconcelos não repercutiram apenas no Senado. Na tarde de hoje, o deputado do PMN pernambucano, Silvio Costa, fez discurso em que atacou o posicionamento do peemedebista. “Ele não agrediu apenas o PMDB, mas toda a classe política. Nunca me prestei a ser o paladino da ética, e ele, que já foi alvo de CPI, quer fazer esse papel?”, questionou o deputado.

No Senado, não houve quem discursasse contra o pronunciamento de Jarbas Vasconcelos. A única ressalva foi feita por Almeida Lima (PMDB-SE), que afirmou ter ficado, em um primeiro momento, descontente com a generalização. “Mas me sinto contemplado ao saber que a generalização não diz respeito ao PMDB. Partido nenhum com assento nessa Casa, que já esteve no poder direta ou indiretamente, pode dizer que é diferente do PMDB,” finalizou Almeida Lima. (Daniela Lima)

Atualizada às 20h54

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